Desde muito novo que sempre quis visitar a Namíbia. Agora que já lá estive mais do que uma vez, decidi elaborar um roteiro de viagem à Namíbia para duas semanas (15 dias). Nesta road-trip incluí algumas das experiências mais fantásticas deste país de África.
Como estive mais do que uma vez, em viagens separadas, achei que não faria sentido descrever o meu roteiro pessoal por completo. Assim, elaborei este roteiro que, na minha opinião, funciona muito bem e em que conseguirá ver os mais bonitos pontos da Namíbia – também incluí alguns lugares especiais, que talvez desconheça.
A Namíbia é um dos meus países favoritos e que recomendo sem qualquer hesitação. Ao longo do artigo pode encontrar também links para as histórias de viagem na Namíbia que publiquei anteriormente.
Roteiro de viagem à Namíbia
Dia 1: Windhoek
Windhoek não tem grandes atracções e é normalmente apenas o ponto inicial e final num roteiro de viagem à Namíbia. O marco mais conhecido da capital é a Christuskirche, uma igreja de origem alemã no centro da cidade. Além disto, pode também visitar o Museu Nacional da Namíbia, onde encontrará uma exibição da independência do país.
A cidade está rodeada de montanhas, servindo um pouco como aperitivo para o que poderá ver no resto do país. A verdade é que o tempo que passei em Windhoek foi para preparar a logística da viagem.
Windhoek é o local perfeito para alugar carro ou, de preferência, 4×4, comprar comida e também descansar do longo voo intercontinental. Existem bons supermercados, centros comerciais e restaurantes – incluindo um que serve comida portuguesa – O Portuga. A comida é saborosa e o ambiente agradável.
Onde ficar em Windhoek
Em Windhoek, recomendo a Maison Ambre Guesthouse. Trata-se de um B&B familiar, com excelente conforto e um óptimo pequeno-almoço, além de ter parque de estacionamento privativo – o que se recomenda na capital da Namíbia. Os preços, no entanto, já foram mais simpáticos.
Recomendo também o Apartment Fritsche Street em Windhoek, onde fiquei da última vez. A habitação é grande, tem cozinha equipada e no outro lado da rua tem um óptimo supermercado, com alimentos frescos e padaria. O dono, Wietz, é muito simpático e se necessitar de dicas (ou quiser fazer um tour) pode contactá-lo.
Dia 2 e 3: Spreetshoogte Pass
Devo confessar que o Spreetshoogte Pass não estava inicialmente no meu roteiro de viagem à Namíbia, mas quando lá passei – em direcção a Sossusvlei – fiquei tão absorvido com aquela paisagem de montanha que não resisti e tive de mudar o meu roteiro para pernoitar por lá. Spreetshoogte Pass é uma passagem de montanha no centro da Namíbia, que liga o Deserto do Namibe à zona de Khomas.
E não fui o único a mudar os planos, pois conheci mais três ou quatro viajantes que também decidiram ficar no Spreetshoogte Pass. É preciso, todavia, sublinhar que só pode fazer esta rota se tiver um carro 4×4. A estrada está longe de ser das melhores da Namíbia e em alguns locais só mesmo com um carro todo-o-terreno.
Aliás, a circulação de caravanas, carros ou camiões é proibida. Isto tem uma vantagem, é que a quantidade de turistas que encontrará resume-se a uma meia dúzia. A área é tão pouco frequentada que até tive de dar indicações a uma visitante da…Namíbia!
A paisagem desde Spreetshoogte Pass até Sossusvlei é sublime, provavelmente das mais bonitas da Namíbia, e evolui ou altera-se entre terrenos semi-desérticos, densas savanas, montanhas rochosas ou colinas verdejantes onde abundam zebras de montanha e…leopardos.
A paisagem é atractiva a qualquer hora do dia, embora seja especial ao pôr-do-sol – altamente recomendável para fotografar. Existe um miradouro no caminho, a cerca de dois quilómetros do Spreetshoogte Campsite, com umas mesas e cadeiras de cimento, onde pode parar e contemplar a paisagem. O pôr-do-sol aqui é fascinante e perfeito para abrir uma garrafa de tinto ou uma cerveja fresca – sozinho ou com boa companhia…
Onde ficar no Spreetshoogte Pass
A oferta de alojamento no Spreetshoogte Pass é limitada e dispersa. Eu recomendo o Spreetshoogte Campsite, que tem uma vista deslumbrante sobre o Spreetshoogte e o Vale do Namibe. Dispõe de chuveiro (aquecido com recurso a uma salamandra alimentada com lenha), cozinha e barbecue.
O alojamento é em bungalow e espaços para campismo – apenas três lugares. Os preços oscilam entre 150 Rand por pessoa (campismo) e 300 Rand por pessoa (bungalow). Aconselho a marcar com antecedência, já que as comunicações são difíceis na região.
Outra opção é o Camp Gecko, um alojamento que também inquiri, uns quilómetros mais à frente, mas optei pelo primeiro pela vista soberba.
Dias 4, 5 e 6: Sossusvlei
Se partir de Spreetshoogte depois do nascer do sol, deverá chegar a Sossusvlei a meio da tarde. As estradas não são boas, as paisagens são fenomenais e, por isso, irá parar mais vezes do que pensa no caminho entre o Spreetshoogte Pass e Sossusvlei.
Aproveite para cumprir as formalidades à chegada a Sesriem – antes de Sossusvlei – e descanse. Eu recomendo pelo menos dois dias em Sossusvlei. As dunas são absolutamente incríveis e bastante apetecíveis para uma ou duas caminhadas. Por exemplo, irá querer visitar locais como Dead Vlei, Duna 45, Big Daddy e Hidden Vlei. Sossusvlei é um local de beleza quase indescritível. Recomendo a leitura do texto que escrevi sobre o Sossusvlei.
Leve comida e bebida no carro e passe o dia a explorar as dunas, do nascer ao pôr-do-sol. Não se vai arrepender, pois este será um dos pontos altos de um roteiro de viagem à Namíbia.
Onde ficar em Sossusvlei
Em Sossusvlei fiquei alojado no Sossus Oasis Camp Site, um parque que gostei bastante e que recomendo. Dispõe também de um pequeno restaurante, sala para navegar na internet (embora o preço seja exagerado) e posto de abastecimento de combustíveis.
Para ter o privilégio de entrar mais cedo em Sossusvlei – e a única forma de ver o nascer do sol nas dunas – tem de ficar alojado no parque de campismo público – Sesriem camping site. Aqui, também dispõe de bastante espaço e restaurante. As casas de banho e os chuveiros não são privados no Sesriem camping site.
Existem, no entanto, outras opções se não quiser acampar. No Booking.com há alguns hotéis com opiniões bastante positivas dos hóspedes, como o Desert Quiver Camp ou o Desert Camp.
Dias 7 e 8: Walvis Bay
Para chegar a Walvis Bay, desde Sossusvlei será um dia longo (400 km), por isso, parta após o nascer do sol. A grande atracção em Walvis Bay é a enorme colónia de flamingos (e pelicanos) que enchem a Lagoa de Walvis Bay.
Mas, se não chegar a tempo do pôr-do-sol, poderá vê-los no dia seguinte ao amanhecer. Numa zona onde o sal dá vida (até as estradas são feitas com sal), uma visita às salinas de Walvis Bay é recomendada.
Onde ficar em Walvis Bay
Em Walvis Bay, sugiro que pernoite no Lagoon Chalets Bookings. Trata-se de um parque de campismo, mas que dispõe também de habitações muito bem equipadas. Fiquei numa destas e recomendo. Além disso, fica a pouca distância da Lagoa de Walvis Bay e pode ir relaxar e assistir ao pôr-do-sol e ver os flamingos.
Dia 9: Skeleton Coast e Cape Cross
A Skeleton Coast é uma das minhas zonas favoritas e não poderia ficar de fora deste roteiro de viagem à Namíbia. O cenário é desolador, mas igualmente atraente. Irá ouvir o seu coração a bater (não só de emoção), mas também porque o silêncio é total.
No dia que visitei não soprava qualquer vento. Este é o deserto puro e irá conduzir numa estrada de sal, sem qualquer alma à sua volta – sobretudo depois de passar a única atracção turística da zona – Cabo da Cruz (ou Cape Cross).
O Cabo da Cruz é uma pequena península no Atlântico Sul, no Oeste da Namíbia, na estrada C34, a cerca de 120 km a norte de Swakopmund. O Cabo da Cruz é uma reserva natural protegida onde existe uma das maiores colónias de focas do mundo. Um conselho: leve um lenço para tapar o nariz, porque o cheiro é intenso.
Não é obrigatório seguir mais para Norte, mas eu recomendo a viagem até Terrace Bay. Somente a partir de Cape Cross irá sentir o isolamento da região, circular ao seu ritmo, fugir da civilização, tendo apenas por companhia o deserto e o Oceano Atlântico. Enfim, talvez encontre um ou outro animal selvagem. Recomendo a leitura do meu texto sobre a Skeleton Coast.
Onde ficar na Skeleton Coast
Eu fiquei no Terrace Bay, na Costa dos Esqueletos (Skeleton Coast). É uma propriedade estatal e que dispõe de instalações confortáveis, desde quartos duplos até chalets de praia para várias pessoas. O pequeno almoço é suficiente e a comida do restaurante é saborosa, sobretudo o peixe – até porque o mar está uns metros de distância.
É um bom local para passar uma noite, embora o preço seja elevado dada a sua localização remota.
Dias 10: Damaraland
Ao regressar pela Skeleton Coast, neste roteiro de viagem à Namíbia irá passar de novo pela estrada de sal, dirigindo-se para mais uma zona de incrível beleza e pouco visitada: Damaraland. A Damaraland é uma das áreas mais belas da Namíbia, uma região enorme, indomável e onde pontuam também enormes dunas de areia.
Aprecie a paisagem de terra vermelha, com montanhas e colinas. Irá, provavelmente, vislumbrar elefantes (e talvez leões do deserto), além de outras espécies que habitam a região. Situada entre a Skeleton Coast e o Etosha, a região de Damaraland não pode faltar num roteiro de viagem de duas semanas à Namíbia.
Uma das actividades procuradas nesta zona é uma visita a uma aldeia das tribos Himba. Eu estive lá, mas talvez não tenha sido a melhor decisão… Recomendo a leitura do artigo sobre a minha visita a uma aldeia Himba.
Onde ficar na Damaraland
O Hoada Campsite é, provavelmente, o parque de campismo mais bonito em que alguma vez já estive. E posso dizer-lhe que já acampei em muitos países, de Gales a Portugal, da Islândia à Nova Zelândia e Austrália.
É de sublinhar, sobretudo, a forma como foi construído em harmonia com a natureza. Até as casas de banho foram erigidas utilizando as rochas para criar espaços para os chuveiros privados. Além disso, tem uma pequena piscina com uma vista muito bonita para a paisagem da Damaraland. À noite deixe-se encantar pelo estupendo céu estrelado.
Dias 11, 12, e 13: Parque Nacional Etosha
O roteiro de viagem de duas semanas à Namíbia termina em apoteose com a visita ao Parque Nacional Etosha. A expansão do Etosha, a variedade de espécies e o baixo custo de entrada e de alojamento fazem deste parque de vida selvagem um dos melhores de África.
No parque, poderá encontrar dos maiores elefantes do mundo, rinocerontes negros e rinocerontes brancos, zebras, girafas, leões, leopardos ou chitas entre outros mamíferos, herbívoros e aves. Sugiro pelo menos três dias, mas se tiver mais tempo tanto melhor. Recomendo a leitura das minhas visitas ao Etosha.
Onde ficar em Etosha
Para decidir onde ficar no Etosha, o melhor é ler o artigo que escrevi com todas as dicas para visitar um dos melhores parques de vida selvagem de África. Se quiser optar por um local às portas do Etosha – conveniente para o dia em que sai ou que chega (assim evita pagar a tarifa no Etosha nesse dia) – recomendo o alojamento na Onguma Private Reserve.
Os espaços para o campismo são bons e a comida do restaurante também. Da sala exterior do restaurante tem vista para um charco onde onde ver a chegada e partida de animais selvagens, se delicia com uma bela refeição.
Dia 14: Windhoek e voo de regresso
Neste dia deverá dirigir-se para Windhoek e pernoitar na cidade para apanhar o voo no dia seguinte. A viagem desde o Etosha é longa, mas se sair após o nascer do sol chegará ainda antes do final do dia a Windhoek.
A Namíbia é um dos meus países favoritos, já lá estive mais do que uma vez e penso regressar mais umas quantas. Este roteiro de viagem à Namíbia é apenas uma sugestão dos locais que já visitei e que recomendo sem hesitação, mas nas próximas expedições penso visitar outras zonas que considero igualmente atractivas neste fascinante país de África. A minha única dúvida é: quando vou regressar à Namíbia?
Sugestões para outro roteiro de viagem à Namíbia
- Swakopmund
- NamibRand Nature Reserve
- Spitzkoppe (já lá estive, mas com pouco tempo)
- Luderitz
- Fish River Canyon
- Deserto do Kalahari
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Organizo e lidero viagens em grupo para destinos que conheço bem. E só faço viagens com pequenos grupos (máximo de 12 pessoas).
Já estive em 60 países, por isso se tiver uma viagem em mente com um grupo de amigos, familiares ou colegas de trabalho, contacte-me e terei todo o prazer em planear, organizar e liderar a viagem que deseja. O roteiro poderá ser desenhado à medida, assim como o orçamento e actividades.
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Ana Beatriz diz
Em qual época do ano você foi? Estou pensando em ir em janeiro. Obrigada
Jorge Duarte Estevão diz
Olá Ana. Estive na Namíbia sempre no período entre Junho e Outubro. Janeiro é uma altura em que pode ser mais complicado ver animais, porque é altura das chuvas.