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Início Inspiração Tribos Himba na Namíbia – motivos para (não) visitar?
tribos Himba Otjikandero
A aldeia de Otjikandero, na Namíbia, foi um dos locais escolhidos pelas tribos Himba para se estabelecer. Foto: Jorge Duarte Estevão

Tribos Himba na Namíbia – motivos para (não) visitar?

Inspiração Viagens África Namíbia
Jorge Duarte Estevão
Actualizado a 28/08/2020
2 Comentários

No momento em que planeava a minha primeira viagem à Namíbia, as imagens das tribos Himba surgiam de forma recorrente. Já antes havia lido artigos e visto documentários sobre estas tribos que migraram de Angola para a Namíbia.

No entanto, em nenhum lado tinha encontrado referências à forma orquestrada como algumas destas aldeias Himba foram criadas e “vendidas”. Hoje, explico o motivo da visita a minha impressão da aldeia de Otjikandero, no Norte da Namíbia.

A minha visita à aldeia Himba

Viajar é a melhor forma de enriquecimento cultural que conheço e, portanto, tento fazê-lo em todos os lugares. Na Namíbia, procurei aumentar o meu nível de conhecimento destes povos locais e da sua forma de vida.

Não só pelos seus costumes, mas também por habitarem uma zona onde até a vida selvagem tem dificuldade em sobreviver, dadas as condições extremas desta zona árida perto de Angola.

Depois de ter conduzido durante centenas de quilómetros pela Costa dos Esqueletos e Damaraland, sem avistar praticamente um ser humano, a aldeia Himba de Otjikandero era um dos pontos altos do meu itinerário pela Namíbia.

Antes da entrada foi necessário acertar o preço com um guia para que me mostrasse este pequeno aglomerado.

Alegadamente, algum do dinheiro que esse guia recebe é entregue aos habitantes da aldeia. Desconheço se de facto assim é e, na eventualidade de se confirmar esta partilha de benefícios, qual o quinhão que cabe às tribos Himba.

Cheguei à aldeia com a “ajuda” de um pré-guia contratado em Kamanjab. À sombra das poucas árvores, muitos dos membros da tribo escondiam-se do sol (e agora de nós) e não estavam muito satisfeitos com a visita de mais um grupo de turistas.

Outros, fugiram para as casas ou palhotas construídas com barro e arbustos assim que nos viram chegar.

Foto: Jorge Duarte Estevão

Numa dessas palhotas, um grupo de seis ou sete crianças ouvia atentamente a lição da professora, enquanto outros, de lápis na mão, praticavam a escrita em cadernos de linhas. Um cenário idêntico a qualquer outra escola do planeta.

Algumas crianças mais pequenas, no exterior da pequena sala de aula, correram para mim e insistiram que os fotografasse. A alegria e surpresa repetia-se ao verem as suas imagens reproduzidas no ecrã digital.

Perseguiam-me pela aldeia de sorriso irradiante, mas foram obrigados a ficar à porta da casa de barro, quando fui chamado para assistir a uma cerimónia onde se recorrem a fumos e fragrâncias naturais – uma espécie de purificação.

Uma purificação encenada, claro. A rapariga que liderava a cerimónia estava como eu – desconfortável com este teatro para um grupo de turistas. Leio-lhe esta informação nos olhos e no rosto.

Tiro algumas fotos, divirto-me com as crianças, mas afasto-me do “circo” liderado pelo guia. Dirijo-me para a saída e faço-me à estrada, enquanto reflicto sobre a experiência desta aldeia Himba de Otjikandero, no Norte da Namíbia.

Realidade ou encenação?

Foto: Jorge Duarte Estevão

A minha opinião em relação a esta visita à aldeia Himba nos arredores de Kamanjab não é positiva, mas não quero com isto dizer que todas as aldeias ou tribos himba são iguais – até porque já me foi dito o contrário por outras pessoas na Namíbia e é possível encontrar autenticidade nos comportamentos e costumes.

De qualquer modo, considero útil a visita à aldeia de Otjikandero porque serviu de lição para outras situações semelhantes – como por exemplo no Lago Inle, na antiga Birmânia.

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Existem, do meu ponto de vista, duas formas de ver estas situações: a primeira quando se trata de um espectáculo organizado, em que actores locais retratam antigas práticas culturais que caíram em desuso, quando foram suprimidas pela modernidade. Ou seja, esta é uma actividade cultural vendida como tal.

A segunda, é pretender que se assiste a algo autêntico quando, de facto, se trata de uma encenação. E é esta segunda situação que critico, pois atrair turistas para essas encenações, em que os próprios povos locais se sentem desconfortáveis por serem forçados a teatralizar os seus costumes – que em alguns casos até subsistem – é profundamente errado.

Foto: Jorge Duarte Estevão

Estava em viagem entre a Skeleton Coast, através da Damaraland, em trânsito para o Parque Nacional Etosha e fazia sentido no meu roteiro a visita a uma aldeia Himba. Tomei conhecimento de uma aldeia a poucos quilómetros de Kamanjab.

Esta é uma localidade na Namíbia com má fama e fui avisado logo à chegada a Windhoek. Não por ser mais ou menos perigoso que qualquer outra localidade, mas pela fama de esquemas para enganar turistas. “Kamanjab deve ser a localidade onde existem mais ladrões por metro quadrado”, disse-me um proprietário de um hotel em Windhoek.

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Apesar do aviso, fui “tramado” porque me vi obrigado a contratar um “guia” para me levar à aldeia Himba mais perto de Kamanjab. Minutos mais tarde – à chegada à aldeia – percebi que era desnecessária esta pessoa – e no final da visita tive de o transportar novamente até Kamanjab.

À entrada da aldeia de Otjikandero, aí sim é necessário acordar o preço e pagar os serviços de um guia que explica de forma sucinta as tradições e costumes dos Himba.

Como habitualmente faço, viajava de forma independente na Namíbia e foi preciso esperar para que um grupo de visitantes num tour chegasse para que houvesse quórum e a minha visita se iniciasse.

No entanto,  percebi de imediato o desconforto, por um lado, e desinteresse, por outro, dos habitantes da aldeia com a presença deste grupo (mais um) de visitantes.

Mais tarde consegui saber que esta povoação tinha ali sido instalada precisamente para chamar turistas. Nada contra, desde que seja publicitada como tal.

A si que lê este artigo, não posso ou não devo aconselhá-lo a visitar ou a não visitar, até porque a sua experiência poderá ser totalmente diferente da minha. Nem a minha será a correcta, nem a sua será a errada, apenas serão pontos de vista distintos.

Ainda existem locais autênticos?

Foto: Jorge Duarte Estevão

Como optimista que sou, tento encontrar um lado positivo para tudo. E desta visita às tribos Himba, fica-me na memória a humildade, sorriso, alegria e cumplicidade das crianças da tribo.

Se alguém me perguntar se me arrependo de ter visitado esta aldeia, a minha resposta é negativa, porque a experiência permitiu-me formar a minha própria opinião e juízos de valor. Não seria justo formar opinião com base em premissas de outros visitantes.

Será que como visitantes ou turistas temos o “direito” de exigir autenticidade, quando essa já não se verifica na realidade? Talvez seja esta procura pelo turismo de autenticidade que provoca encenações como nesta aldeia Himba ou como já assisti noutros lugares por onde viajei.

Leio e oiço muitas histórias de visitantes e turistas que desesperam por encontrar a “antiga” autenticidade, mesmo quando todos sabemos que as civilizações evoluíram e continuarão a evoluir.

Usando uma simples analogia, é como esperar que povos que há séculos acendiam o fogo com recursos a dois paus e folhas secas, ainda o façam no século XXI, quando a um par de quilómetros existe uma pequena loja a vender fósforos.

Foto: Jorge Duarte Estevão

Para que fique claro, o meu desapontamento com a aldeia Himba de Otjikandero não teve a ver com o modo como vivem os seus habitantes, as suas tradições ou costumes.

Teve, todavia, a ver com o modo como estas tradições são vendidas aos turistas e a forma como as próprias visitas são efectuadas, obrigando os locais a encenar cerimónias e comportamentos que, caso não houvesse turistas em redor, não se justificavam.

Pior se torna quando essa visita é vendida como uma experiência autêntica e se transforma numa dramática peça de teatro com actores forçados.

Da minha parte sempre respeitarei todos os povos que abandonam costumes ancestrais para abraçar aspectos de modernidade. Autenticidade, do meu ponto de vista, é a forma como os povos vivem num dado momento e não a forma como nós, turistas ocidentais, desejamos que esses povos ainda vivessem nas florestas da Ásia ou nas savanas de África.

Tem alguma história semelhante? Deixe o seu comentário e partilhe-a com todos os viajantes.

Informação extra

Quem são as tribos Himba?

A migração dos Himba para a Namíbia foi, alegadamente, provocada pela procura de solos e melhores condições de vida, mas em alguns lugares essa migração aconteceu para zonas frequentadas por turistas. Os Himba habitam sobretudo o Norte da Namíbia e a região de Kunene, em Angola.

As tribos Himba são semi-nómadas e onde as mulheres são conhecidas por se cobrirem com uma pasta denominada de otjize – uma mistura de gordura amanteigada e ocre.

Há quem diga que esta pasta é usada devido à escassez de água para manter a pele e cabelo limpos por longos períodos, mas os Himba afirmam que se trata de um género de maquilhagem tradicional. A mistura cosmética, frequentemente perfumada com resina aromática, confere às suas peles e cabelos uma característica alaranjada ou avermelhada.

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2 comentários

  1. Vitor Salgueiro diz

    29/04/2022 em 14:09

    Muito Bom!

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      29/04/2022 em 14:10

      Obrigado Vítor. Abraço!

      Responder

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Jorge Duarte Estevão

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Prefiro ser tratado por tu. Nasci no Alentejo, mas já visitei 60 países. Alentejano de raça pura – mas escrevo sem sotaque. Acima de tudo, sou um viajante.

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