O Caminho Português de Santiago Interior é uma das novas rotas do popular Caminho de Santiago, que termina em Santiago de Compostela. Não é preciso ser crente para percorrer o Caminho Português de Santiago Interior. Basta querer fazê-lo. Ao longo de cerca de 200 km, os trilhos abrem-se entre curvas, declives, zonas verdejantes, aldeias e cidades.
Nesta odisseia até chegar a Espanha, o Caminho Português de Santiago Interior (CPSI) leva-nos por oito concelhos, mas dá-nos, ainda, a possibilidade de conhecer a cultura dos povos do interior de Portugal, de navegar pelas suas actividades — rurais e urbanas — e permite-nos retribuir o sorriso e o bem receber, porque ao longo deste longo caminho há de tudo (paisagens, monumentos ou gastronomia requintada), mas há, acima de tudo, gente boa que se deixa conhecer e abraçar.
Foi, aliás, a bondade, a simpatia, acolhimento e resiliência dos habitantes locais com quem me fui cruzando que mais me impressionaram. Tudo isto, não obstante o visível e conhecido abandono e desertificação do interior. No fundo, tenta-se também com este caminho não só levar gente até Santiago de Compostela, mas também combater o isolamento desta faixa do país. Um pouco à semelhança da Via Algarviana, no sul de Portugal, onde além de caminhar se mostra a cultura, as artes e ofícios e locais que marcaram o passado das regiões no Algarve. Além de, claro, nos abrir portas para o futuro das localidades que se atravessam.
Entre Farminhão, em Viseu, e Santiago de Compostela, em Espanha, o CPSI percorre 387 km, dos quais cerca de 214 km são em território nacional. Este percurso, pelo interior norte de Portugal, abraça os concelhos de Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves.
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Este roteiro permite um contacto muito próximo com populações quase esquecidas e que apreciam dois ou três minutos de atenção. Há, obviamente, paisagens, gastronomia e arquitectura para apreciar, mas do meu ponto de vista são as pessoas o principal atractivo ao caminhar até Santiago de Compostela pelo interior de Portugal. A este calor humano podemos adicionar as paisagens sublimes do Alto Douro Vinhateiro, das belas cidades de Viseu e Chaves, do Alto Tâmega, de regiões como Peso da Régua ou Santa Marta de Penaguião.
Caminho Português de Santiago Interior na Rota da UNESCO
Não só o Caminho Português de Santiago Interior atravessa uma paisagem da UNESCO, como o Alto Douro Vinhateiro, como também pretende ele próprio fazer parte da lista da instituição das Nações Unidas. Este roteiro — em conjunto com outros cinco que partem de território nacional — engloba a proposta portuguesa para reconhecimento de património mundial pela UNESCO.
Perguntas frequentes sobre o Caminho Português de Santiago Interior
Qual é a melhor altura para fazer a caminhada?
O Verão é um período a evitar, já que as temperaturas são muito elevadas no interior de Portugal. O Inverno é também muito difícil, já que as temperaturas descem bastante nas regiões por onde passa o Caminho de Santiago, sobretudo em Trás-os-Montes, e a chuva e terreno escorregadio tornam não só o percurso mais exigente, como também perigoso.
Posto isto, as melhores alturas para fazer o Caminho são: a Primavera e o Outono. Além das paisagens apresentarem cores fantásticas, as temperaturas são mais amenas. É ainda aconselhável não caminhar após o pôr-do-sol ou de noite, seja qual for a altura do ano.
Onde começar a caminhada?
O CPSI começa no concelho de Viseu, na localidade de Farminhão, até chegar ao Fontelo na cidade de Viseu, na primeira etapa. Depois, são mais de 200 km, com etapas que variam no nível de dificuldade e extensão — entre 14 e 27 km — até chegar a Vilarelho Da Raia, já na fronteira com Espanha. As etapas 3, 4, 6 e 7 são consideradas muito difíceis, sobretudo pela elevação do terreno.
Etapa 1
Farminhão – Fontelo
Distância a percorrer: 16 km
Etapa 2
Fontelo – Almargem
Distância a percorrer: 15,6 km
Etapa 3
Almargem – Ribolhos
Distância a percorrer: 23,3 km
Etapa 4
Ribolhos – Bigorne
Distância a percorrer: 19,9 km
Etapa 5
Bigorne – Lamego
Distância a percorrer: 16,4 km
Etapa 6
Lamego – Bertelo
Distância a percorrer: 27,2 km
Etapa 7
Bertelo – Vila Real
Distância a percorrer: 11,3 km
Etapa 8
Vila Real – Parada De Aguiar
Distância a percorrer: 25,9 km
Etapa 9
Parada De Aguiar – Vidago
Distância a percorrer: 22,5 km
Etapa 10
Vidago – Chaves
Distância a percorrer: 17,7 km
Etapa 11
Chaves – Vilarelho Da Raia
Distância a percorrer: 14,5 km
Extensão Total do Percurso:
214 km
Quanto tempo preciso para fazer a caminhada?
O Caminho Português de Santiago Interior é composto por 11 etapas, pelo que se assume que precisará de 11 dias apenas para completar o percurso até chegar à fronteira com Espanha — não até Santiago de Compostela.
O caminho atravessa depois a fronteira luso-galega, por Verín, e segue até Ourense e Santiago de Compostela, pela Via da Prata ou Caminho Mozárabe. É preciso ressalvar que este percurso pelo interior é um projecto ainda em desenvolvimento e nem todas as infraestruturas estão prontas, como é o caso de alguns albergues.
Há locais para descansar ou restaurantes?
Sim, tendo em conta que o caminho atravessa aldeias, vilas e cidades, não haverá falta de locais para descansar e até restaurantes. Este não é um artigo exaustivo sobre o percurso e seria impossível aqui descrever todos os pontos de apoio em cada etapa. Para isso recomendo a consulta ao site de apoio ao Caminho de Santiago Interior.
Em algumas etapas irá também encontrar zonas com arbustos e floresta, onde é possível descansar. Há etapas que seguem junto a riachos e rios, pelo que terá zonas para se refrescar, com a natureza sempre presente.
Em relação a restaurantes, por exemplo, em Santa Marta de Penaguião, pode encontrar A Taberna, com refeições simples, com qualidade — sobretudo os grelhados. O preço é acessível e o atendimento é bom.
Em Vila Real, entre várias opções, acabei por almoçar muito bem no restaurante Loja do Covilhete, onde pode provar algumas delícias locais como o covilhete (pastel de massa folhada, com recheio de carne de vaca). Para prato principal, optei pelo bacalhau com broa, batata a murro e legumes. E para sobremesa, deixei-me ir nas cristas de galo com uma bola de gelado de laranja (delicioso).
O que levar para o Caminho Português de Santiago Interior
- Garrafa de água reutilizável (não existem pontos de água potável) — Comprei esta garrafa de água e recomendo-a
- Calçado adequado (e já usado) para caminhada (o terreno é acidentado e muitos dos quilómetros são em asfalto)
- Chapéu de sol
- Óculos de sol
- Máquina fotográfica (ou telemóvel)
- Protector solar
- Mapas em papel ou com aplicação no telemóvel
- Saco para o lixo
- Saco cama (se ficar em albergues)
- Lanterna
- Meias de algodão ou lã sem costuras
- Casaco corta-vento
- Casaco polar
- Kit primeiros socorros (com analgésicos, pomadas anti-inflamatórias e ligaduras)
- Tampões para os ouvidos (se dormir em albergues e tiver “vizinhos” que, por exemplo, ressonam)
Destaques no Caminho Português de Santiago Interior
Arquitectura
Obviamente há muitas igrejas, capelas e outros templos religiosos ao longo do caminho. Os grandes destaques são o Santuário Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego — provavelmente o maior destaque arquitectónico de todo o percurso. O santuário actual foi iniciado em 1750, e concluído apenas em 1905. Ainda em Lamego pode apreciar a Sé de Lamego.
Ao passar por Viseu, demore-se na Catedral de Santa Maria de Viseu, construída no século XII. Ainda na “Cidade das Rotundas”, encontrará o painel de Azulejos do Rossio e o Museu Nacional Grão Vasco — numa alegoria ao mestre viseense da pintura portuguesa do século XVI.
Já em Vila Real não pode falhar a Fundação da Casa de Mateus. Trata-se de um local classificado como Monumento Nacional desde 1910. É considerada uma das obras mais relevantes da arquitectura do período barroco. Já na parte final do percurso, passe ainda pelo Castelo de Chaves — ou o que resta desta fortificação medieval.
Pessoas
Caminhar até Santiago pelo Interior de Portugal implica o contacto próximo com os habitantes locais. Ao passar por aldeias (caso possua espírito aberto) irá ser abordado pelos locais. Não considere estranho se lhe oferecerem fruta, água ou um copo de vinho. Mesmo que isto não aconteça, estarão garantidos dois dedos de conversa, até porque para muita gente a passagem dos caminhantes ou peregrinos é uma forma de combater o isolamento e solidão.
Aí encontramos pessoas que nos sorriem enquanto passamos, pessoas que fazem uma pausa na vindima e até pessoas que aproveitam para um desabafo e receber um pouco de conforto. Como, por exemplo, alguém que encontrei que me contou como a vida é difícil devido ao peso da idade e do trabalho do campo e do fardo de ter um familiar com cancro. A vida no Interior não é um passeio no parque e cinco minutos de atenção da nossa parte podem valer (valem) imenso para quem viva sozinho ou apenas queira um pouco de companhia. O caminho para Santiago não é representado somente pelos passos físicos que damos, mas pelas nossas acções, por mais simples que sejam.
Paisagens
Ao caminhar pelo interior de Portugal irá encontrar paisagens arrebatadoras. Como é evidente, o destaque é o Alto Douro Vinhateiro, cujas paisagens combinam a beleza do vale do Douro com encostas acidentadas. A região é Património da UNESCO desde 2001, na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva.
No entanto, há outros locais que vale a pena ter em mente, como a Serra de Montemuro, que ascende a 1381 metros de altitude. A Serra de Montemuro integra a Rede Natura 2000, onde se destaca a biodiversidade e conservação dos habitats.
O Rio Paiva é considerado um dos mais bonitos rios de montanha e um dos mais belos e bem conservados do território português. É aí que se pode encontrar as Poldras do Rio Paiva. Não esqueça também o Parque Natural do Alvão, com zonas de xisto, e várias linhas de água, como a bela queda de água das Fisgas do Ermelo.
Prove ainda a água que sai das profundezas da natureza, no Parque Termal Pedras Salgadas e, se tiver orçamento para tal, durma nas famosas Ecohouses.
E, para admirar vistas panorâmicas, faça uma pausa no Miradouro de São Leonardo, em Peso da Régua.
Desvios
Embora não esteja no Caminho de Santiago, a bonita Lagoa do Alvão merece um desvio, se o tempo permitir. A Lagoa do Alvão é também conhecida como Barragem da Falperra e destaca-se devido à importância dos habitats naturais de fauna e flora.
Informação extra
Como chegar a Viseu
A forma mais fácil de chegar a Viseu é num carro próprio ou alugado. No entanto, se preferir ser mais amigo do ambiente e quiser viajar em transportes públicos, existem vários autocarros diários a ligar Lisboa e o Porto à cidade de Viseu. Da capital portuguesa, a viagem demora cerca de quatro horas e existem ligações de manhã e até ao início da noite. Da cidade Invicta, o percurso demora menos de duas horas.
Internet e Wi-fi
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Dinheiro
Eu uso o cartão Wise e o cartão Revolut para evitar taxas e comissões bancárias. Viajo sempre com ambos.
Hotel no Caminho Português de Santiago Interior
Embora ao longo do caminho existam alguns albergues, vários estão ainda a ser reabilitados e não estão prontos. Desta forma, optei por seleccionar alguns hotéis em todos os concelhos que o CPSI atravessa. Porque fazer o Caminho, na minha opinião, não significa que tenha de partilhar quarto ou ficar alojado num albergue, pois o descanso é vital evitar problemas físicos. Cada pessoa escolhe, claro, como fazer o percurso e que tipo de conforto deseja.
Os albergues disponíveis são: Albergue de Sabroso (Vila Pouca De Aguiar), Albergue do CPIS (Peso da Régua), Albergue de Ribolhos (Castro Daire), Centro de Estágios do Complexo desportivo de Lamego, Albergue Bertelo (Santa Marta De Penaguião), Albergue de Santiago (Vila Pouca De Aguiar), Camping Lamego, Albergue do Fontelo (Viseu).
Se preferir quartos privados e mais conforto, aqui fica uma selecção de bons hotéis em cada concelho por onde passa o Caminho Português de Santiago Interior.
- Pousada De Viseu (9.0) – Viseu
- Allgo Hostel (9.2) – Viseu
- Isabel do Couto – casa de charme (8.7) – Castro Daire
- O Cantinho do Colégio (9.4) – Lamego
- Lamego Hotel & Life (9.1) – Lamego
- The Rooftop Suites (8.7) – Peso da Régua
- Original Douro Hotel (9.3) – Peso da Régua
- Casal dos Capelinhos (9.5) – Santa Marta de Penaguião
- Casa do Salgueiral (9.8) – Santa Marta de Penaguião
- Borralha Hotel, Restaurante & Spa (8.8) – Vila Real
- O Palacete (9.0) – Vila Real
- Hotel Europa (8.8) – Vila Pouca de Aguiar
- Pedras Salgadas Spa & Nature Park (8.8) – Vila Pouca de Aguiar
- Castelo Hotel (9.2) – Chaves
- Forte de São Francisco Hotel Chaves (9.2) – Chaves
Mapa dos hotéis no Caminho Português de Santiago Interior
Seguro de viagem
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Nota: Esta viagem foi efectuada a convite do agrupamento de municípios do CPSI.
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Organizo e lidero viagens em grupo para destinos que conheço bem. E só faço viagens com pequenos grupos (máximo de 12 pessoas).
Já estive em 60 países, por isso se tiver uma viagem em mente com um grupo de amigos, familiares ou colegas de trabalho, contacte-me e terei todo o prazer em planear, organizar e liderar a viagem que deseja. O roteiro poderá ser desenhado à medida, assim como o orçamento e actividades.
- Veja o calendário das viagens e inscreva-se ou diga-me para onde quer viajar em grupo e eu trato de tudo.
Adorámos as perguntas frequentes, inclui informação muito útil para quem quer fazer este Caminho. E as fotos, são lindas!
Obrigado Diana e Ricardo. Um grande abraço e boas caminhadas 🙂