Para cima e para baixo. Para cima e para baixo num corropio pelas ruas de calçada de Antigua Guatemala. Mulheres, homens, crianças, saltam, expelem energia e excitação, como se tivessem recebido óptimas notícias ou até vencido um qualquer prémio monetário. No entanto, o motivo é outro, a riqueza é interior, é divina.
O respeito pela religião, na Guatemala, é… sagrado. Não obstante os problemas de corrupção que afectaram a igreja neste pequeno país da América Central, a maioria da população segue com rigor as regras ditadas pela instituição. Mais de 50 por cento dos guatemaltecos são católicos.
Faça sol ou chuva, seja Verão ou Inverno, haja sucesso ou insucesso, celebre-se o nascimento, a vida, ou preste-se homenagem aos mortos, a fé mantém-se firme, inalterável até. Existe, porém, um momento em que essa convicção em algo maior atinge proporções épicas – a semana santa, a semana da Páscoa.
Das zonas rurais chegam a Antigua Guatemala camionetas, táxis, carroças e autocarros cheios de crentes, de trabalhadores, de vendedores – porque o negócio na Páscoa paga uma grande parte do ano.
As mulheres, com os vestidos tradicionais vibrantes e coloridos, carregam sacos nas mãos, cestos de vime na cabeça, filhos pequenos às costas. O equilíbrio e esforço físicos são estupendos. Cobertas pelos deslumbrantes tecidos, inertes ao sol e altas temperaturas.
As fachadas das casas coloniais, elegantes, com largas varandas ornamentadas, portões de ferro e arcadas oferecem um alívio do calor sufocante. Quase como se fosse uma obrigação, imposição ou segregação, os visitantes estrangeiros caminham pelas zonas abrangidas pelas sombras das fachadas, enquanto do lado oposto da mesma rua, circulam apressadamente, ao sol, os habitantes e cidadãos locais.
Dormir ou não dormir, eis a questão
Chegado de uma longa viagem (e condução) desde o México, procuro o “hotel” onde vou ficar alojado. Deixei para muito tarde a marcação de um local para dormir e fiquei com o que restava.
E se as imagens já deixavam transparecer que o conforto ia ser pouco, já a limpeza não tinha transparecido tão má como constatei logo que entrei no “hotel”. De hotel, tinha pouco, além de vários quartos para arrendar, numa casa velha com vários quartos, com uma placa no exterior a chamar-lhe “hotel”.
O quarto, escuro e frio, servia para dormir. A casa de banho, porém, era assustadora. As ruas da calçada estavam mais limpas que a própria banheira. Sou pouco esquisito com hotéis, desde que cumpram as três regras principais que defino no meu critério: limpeza, preço e, em cidades, localização.
Neste caso, o local era irrelevante, pois Antigua é pequena e chega-se a pé a qualquer lado, o preço estava dentro do meu orçamento, mas na limpeza, o “hotel” falhava redondamente.
Entro e saio de imediato, mas não cancelo logo a reserva, pois sabia quão difícil (ou impossível) ia ser encontrar uma alternativa. Ia ficar três noites em Antigua e, na falta de melhor, poderia ficar por ali uma noite, mas não três.
Nos meus planos estava prevista uma subida a um dos vulcões que rodeiam Antigua – o vulcão Pacaya, mas para isso precisava de encontrar uma agência de viagens para reservar uma excursão.
Perguntei em duas agências para comparar os preços, mas ainda insatisfeito caminhei mais um pouco pelas ruas de Antigua Guatemala e entrei na agência mais perto do centro, junto do Arco de Santa Catalina. Havia ainda alguns lugares para, no próximo dia, me juntar a um grupo e subir à cratera do vulcão.
Mesmo sem muita esperança, foi aí que decidi perguntar se tinham algum local para pernoitar que fosse limpo e não muito dispendioso. A resposta, para surpresa minha, foi positiva. E, para espanto ainda maior, situava-se na rua principal de Antigua. Havia dois quartos disponíveis.
Dei uma espreitadela, os quartos eram amplos, limpos, com uma excelente esplanada na parte traseira e longe do reboliço da frente do prédio. Acertei o preço com a proprietária e fiquei logo por ali também para almoçar e beber uma bela cerveja da Guatemala: Gallo.
Um óptimo local, descoberto ao acaso e sem possibilidade de reservar online. Fui bafejado pela sorte ou, como diria um guatemalteco, por uma intervenção divina.
Antigua Guatemala – a cidade à qual a UNESCO se rendeu
Antigua foi reconhecida como património mundial da UNESCO, em 1979, devido à impressionante arquitectura espanhola de influência barroca e às igrejas do século XVI. La Antigua, foi destruída em larga escala por um terramoto em 1773 e deixou de ser a capital da Guatemala pouco depois.
Apesar disso, a cidade, no departamento de Sacatepéquez, manteve a integridade que a caracterizou no passado. No mesmo ano, em 1979, a UNESCO reconheceu também as sublimes ruínas Maia de Tikal.
Antigua é elogiada como um exemplo de planeamento urbano. As ruas de paralelepípedos, alinhadas com edifícios coloniais de cores vivas e bonitas e animadas praças conferem a esta cidade guatemalteca uma beleza invulgar na América Latina.
Em algumas zonas, Antigua é semelhante a Trinidad, a cidade museu de Cuba. Um dos locais de onde se pode apreciar o ordenamento e beleza de Antigua é a partir do Cerro de la Cruz – excepcional vista panorâmica da cidade.
Fundada em 1543, como a sede do poder espanhol na região, Antigua Guatemala serviu como o centro cultural, religioso e económico por mais de dois séculos. Apesar do significado histórico e da importância nas festividades religiosas da Semana Santa, Antigua não está presa ao passado.
Muitos locais nocturnos conferem à cidade um ambiente mais cosmopolita. Ao mesmo tempo aumentam os eventos públicos, com destaque para peças de teatro, concertos de música, ballet e um festival internacional de jazz.
A calçada colorida que nasce e morre em poucas horas
Trinidad, a cidade museu de Cuba. Um dos locais de onde se pode apreciar o ordenamento e beleza de Antigua é a partir do Cerro de la Cruz – excepcional vista panorâmica da cidade.
Fundada em 1543, como a sede do poder espanhol na região, Antigua Guatemala serviu como o centro cultural, religioso e económico por mais de dois séculos. Apesar do significado histórico e da importância nas festividades religiosas da Semana Santa, Antigua não está presa ao passado.
Muitos locais nocturnos conferem à cidade um ambiente mais cosmopolita. Ao mesmo tempo aumentam os eventos públicos, com destaque para peças de teatro, concertos de música, ballet e um festival internacional de jazz.
A calçada colorida que nasce e morre em poucas horas
Em 2014, 5000 voluntários, com recurso a 54 toneladas de materiais, construíram o maior tapete do género – com direito a registo no livro do Guinness – dois quilómetros de extensão sem qualquer interrupção pelas ruas da Cidade da Guatemala.
Inacreditável, mas que representa de uma forma simbólica a fé e convicção de quem participa nas cerimónias. No vizinho México, existe também algo semelhante em Huamantla, Tlaxcala.
Em Antigua, milhares de visitantes nacionais e internacionais transformam as ruas de paralelepípedos, ainda que em menor escala. É uma invasão religiosa de gente que participa nas procissões e reconstituições da crucificação e outras cerimónias alusivas ao período da Páscoa. A tradição de decorar as ruas desta forma terá, alegadamente, começado na Europa e sido levada para as Américas pelos espanhóis.
As procissões percorrem as ruas de manhã à noite, os crentes vestem-se com trajes roxos, colocam máscaras e procuram pagar penitência. Os fiéis desafiam elevadas temperaturas, com roupas que lhes cobrem o corpo, do rosto até aos pé, enquanto carregam, muitas vezes descalços, enormes carros alegóricos. Um sacrifício colectivo, em nome da fé.
Informação extra
Conselhos para uma visita descansada (e segura) à Guatemala
- Faça um bom seguro de viagem (por exemplo com a IATI Seguros tem 5% de desconto)
- Evite sair sozinho em zonas remotas. Se visitar essas áreas, junte-se a um grupo ou opte por chamar um táxi. No terminal de chegadas do aeroporto da Cidade da Guatemala, pode comprar vales de táxi no Posto de Turismo
- Não conduza à noite e, se puder, evite a Cidade da Guatemala – tem elevada criminalidade e não é bonita
- Se usar transporte público escolha uma empresa de autocarro credível
- Proteja computadores, máquinas fotográficas, telemóveis e jóias ou use o seguro de viagem para ficar descansado
- Levante dinheiro em pouca quantidade e durante o dia
- Tenha atenção às clonagens nas caixas de levantamento automático
- Roubos são comuns nos postos de gasolina, aeroportos, estações de autocarros e centros comerciais
Melhor altura para visitar Antigua Guatemala
Antigua pode ser visitada em qualquer altura do ano. Por regra, aconselho a evitar os períodos de época alta, Natal e Páscoa. Porém, no caso de Antigua Guatemala acho que irá ficar fascinado se visitar a cidade durante a Semana Santa. No que ao clima diz respeito, a estação chuvosa dura entre Maio e Outubro, enquanto o tempo mais estável e seco de Verão ocorre entre Novembro e Abril.
Como chegar a Antigua Guatemala
Os voos de Lisboa para a Cidade da Guatemala envolvem uma escala em Madrid, com a Iberia, ou duas escalas com a Air France. Depois terá de encontrar transporte para fazer o percurso de cerca de uma hora entre a Cidade da Guatemala e Antigua.
Pergunte no balcão de informações do aeroporto, pois irá encontrar facilmente forma de chegar a Antigua. Desde autocarros, até táxis não irão faltar formas de fazer o percurso, pois é uma rota regular e popular. Alguns hotéis também podem organizar o transporte.
Hotel em Antigua Guatemala
Se leu o que escrevi acima, já saberá que é fundamental reservar com antecedência um hotel em Antigua Guatemala. Aliás, é virtualmente impossível encontrar alojamento na cidade guatemalteca se visitar na altura da Páscoa.
Os preços dos hotéis em Antigua sobem em flecha durante a Semana Santa, mas se marcar com tempo conseguirá encontrar albergues, hotéis, pousadas ou apartamentos disponíveis.
Estes são alguns dos hotéis que recomendo em Antigua Guatemala:
A Casa Elena é uma óptima opção, com comida local, bem decorada e vistas para os vulcões. Um pouco mais afastado do centro, uma alternativa mais recatada e também com excelentes vistas é a Villa Jardin Casa la Historia – Entre Volcanes. Dispõe de um amplo jardim e de piscina, para arrefecer do calor guatemalteco. Estas duas opções ficam abaixo dos 50€ por noite.
Por fim, se quiser um hotel em Antigua Guatemala com classe, então a escolha tem mesmo de ser o Meson Panza Verde. Uma unidade hoteleira com cuidados jardins, um terraço com vistas panorâmicas e a curta distância da catedral de Antigua. Além disso, poderá também relaxar nas banheiras de hidromassagem enquanto lê as últimas histórias de viagem dos Lugares Incertos através do Wi-fi gratuito.
Seguro de viagem
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