É com estranheza, mas sem surpresa que observo oficiais da PSP nas ruas que não são de Portugal, com fardas exactamente iguais às que os polícias usam em Portugal. Porém, não estou em território luso.
Há, porém, diferenças: estes homens e mulheres não falam português, nem sequer têm aparência latina ou ibérica. São de origem ou aparência asiática, mas equipam-se como se estivesse em Portugal. Percorrem a pé as ruas de calçada portuguesa, como se estivessem em Beja, Lisboa ou no Porto. São iluminados pelos candeeiros que encontramos também nas praças lusas na Europa.
Lêem os sinais de trânsito e os nomes dos estabelecimentos comerciais em mandarim ou cantonês, apesar destes estarem também identificados em português. Mas os restaurantes são, ali, “estabelecimentos de comidas e bebidas”.
Dois homens numa embarcação limpam diariamente o Lago Nam Van. O trânsito flui incessante e os níveis de poluição estão elevados, como é comum. Vale que a temperatura é de apenas 28 graus e a humidade está baixa. No Verão é bastante pior, dizem-me.
A cuidada calçada portuguesa resiste ao passar dos anos, gravando os passos de quem por ali passou e passa há centenas de anos, quase desde que os portugueses ali se estabeleceram em 1555/1557. Agora, em passo apressado são outros que pisam o terreno empedrado para visitar as ruínas de São Paulo ou o Lago do Senado.
Outrora mais cidadãos locais, actualmente são os visitantes da China continental que enchem as ruas todos os dias (e noites). Deambulam entre os locais obrigatórios para turistas e os múltiplos casinos da região. Chegam de dia e regressam à noite ou cruzam a fronteira e aí permanecem até à próxima manhã. Seguem em largos grupos, como fazem no continente e atropelam-se uns aos outros e a quem passa.
Raramente oiço falar a língua portuguesa, nem sequer em vários dos restaurantes que visito. Num destes estabelecimentos, é uma mulher filipina que cozinha – e fá-lo bem – com as lições do ex-proprietário luso. Agora enchem a mesa com as iguarias portuguesas para servir clientes portugueses e estrangeiros.
Estes mesmos estrangeiros que visitam com curiosidade o Casino Lisboa ou todos os outros em Cotai, mas são os visitantes chineses que entram e ali esbanjam milhões de patacas todos os anos. Macau é mais portuguesa durante o dia do que é à noite. Quando os casinos e os prédios se iluminam, a calçada – e os caracteres latinos – são ofuscados pela corrida maciça aos jogos e apostas.
Em Coloane, turistas chineses chegam para provar o “egg tart” ou tarte de ovo, no local onde terá sido criada esta guloseima. Fazem fila à porta para provar esta imitação do pastel de nata português. Não sabem se este é melhor ou diferente de qualquer outro, mas está no roteiro turístico e é preciso segui-lo. Tal como é preciso subir à Fortaleza da Guia, à Torre Eiffel, pousar na escadaria das Ruínas de São Paulo ou visitar as Casas da Taipa.
Também eu sigo alguns passos desse roteiro, mas delicio-me quando me perco pelas ruelas da península de Macau, ou caminho sem destino na Taipa. E quando vejo os aviões a desaparecer no meio do verde montanhoso de Coloane, enquanto – quase sozinho na praia – bebo um copo de tinto português e acompanho o movimento do sol a cair no horizonte.
É possível, claro, descrever Macau, basta querer, mas a tarefa é ingrata e injusta e fica até, muitas vezes, incompleta. Macau não se quer descrito ou simplesmente visto. Macau é para viver e sentir – Macau Sâm Assi.
De Portugal a Macau – crónica #27
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