O turismo cria empregos, impulsiona as exportações e gera prosperidade em todo o mundo, mas o excesso de turistas é um problema crescente.
A Internet, a facilidade na mobilidade, a introdução de companhias low cost – e consequente redução dos preços dos bilhetes de avião – o fenómeno das redes sociais (principalmente Facebook e Instagram) provocaram o aumento súbito e constante de turistas em alguns dos locais mais famosos (e frágeis) do planeta.
O aumento das receitas com o turismo tornou-se numa das principais formas de manter o PIB de vários países em estado saudável – como em Portugal – e muitos governos fecham os olhos ao excesso de turistas em alguns locais.
A criação de taxas em algumas cidades – como em Lisboa, Londres, Porto ou Amesterdão – será contraproducente e deverá servir apenas para o aumento da receita para os cofres públicos de cada país. A contribuição directa do turismo para o PIB português foi de 13,2 mil milhões de euros em 2017.
Algumas nações começaram a tentar estancar o fluxo de turistas, para preservar a última autenticidade de algumas cidades e, até, evitar confrontos, como é o caso de Barcelona onde o clima de tensão entre turistas e residentes aumentou nos últimos anos.
Outros locais de importância arqueológica, como Machu Picchu, por exemplo, com o apoio da UNESCO foram mais longe e limitaram o número diário de turistas.
A multidão que anualmente trepa os Himalaias tem causado problemas a nível ambiental, onde milhares de toneladas de lixo (garrafas de plástico, latas de cerveja, garrafas de oxigénio, etc) são deixados para trás pelos caminhantes e já começaram a provocar problemas ambientais que as estruturas locais nem sempre conseguem solucionar.
Na Escócia, Irlanda e Croácia os problemas com o excesso de visitantes surgiram depois destes locais terem sido utilizados para as rodagem de séries ou filmes de televisão – como a Guerra dos Tronos.
Soluções para o excesso de turistas
Existem e já foram tentadas algumas alternativas para reduzir o número de turistas em alguns locais e o impacto negativo nas regiões ou monumentos visitados.
A limitação do número de visitantes diários é a medida mais vezes executada pelas autoridades nacionais, como é o caso em Fernando de Noronha, no Brasil, nas Ilhas Galápagos, no Equador, ou Machu Picchu, no Peru. Um dos últimos locais a apresentar medidas limitativas foi o Taj Mahal, na Índia, onde as visitas são agora limitadas a um máximo de três horas.
Noutros locais, opta-se por duplicar o preço do acesso, como é o caso do Parque Marinho de Raja Ampat, na Indonésia, onde o preço de acesso duplicou a partir de 2015, passando de 500 rupias (30€) para 1 milhão de rupias (60€). Aqui, em Raja Ampat, tal como no Delta do Okavango, no Botswana, opta-se por manter elevadas as tarifas dos alojamentos para evitar a massificação.
Mas será o aumento do preço a solução ideal para o excesso de turistas? Poder-se-á questionar, com legitimidade, se será a elevada tributação a melhor solução, proibindo a visita a quem tem menos possibilidade financeiras.
Muitos especialistas do sector assumem que tectos turísticos são necessários para o ambiente, arquitectura, monumentos, residentes e visitantes. No entanto, muitas nações dependem do turismo para vitalizar a economia e limitar o turismo é como dar um tiro no pé. É inviável.
Locais onde a sobrelotação turística está a causar problemas
Lisboa – Desde a entrada de plataformas como o Airbnb no mercado de arrendamento, uma avalanche de especulação imobiliária arrasou a capital portuguesa, tendo muitos dos moradores e lojistas sido “expulsos” do centro da cidade para a periferia e subúrbios.
Koh Tachai – Em 2016, as autoridades tailandesas tomaram uma medida drástica e encerraram a praia de forma indeterminada para proteger os areais, espécies marinhas e corais.
Barcelona – Há mais de dez anos quando visitei Barcelona pela primeira vez, a cidade condal já era popular, mas longe da massificação actual.
Em 2017, estima-se que 32 milhões de pessoas tenham visitado a capital da Catalunha, onde apenas residem 1,6 milhões de pessoas. As estatísticas mostram que em 2000, foram registadas três milhões de dormidas nos hotéis de Barcelona. Em 2016, o número ascendeu a nove milhões.
Locais populares onde já existem limitações ao excesso de turistas
Machu Picchu – Mais de um milhão de pessoas visita anualmente o local arqueológico peruano. Foi por isso que o Peru, em conjunto com a UNESCO, decidiu limitar o número diário de entradas em 2500. A partir de 2019, se quiser fazer a caminhada de vários dias, terá que contratar um guia, seguir um dos três caminhos designados e, eventualmente, percorrer o caminho em tempo limitado.
Seychelles – Em 2017, mais de 350 mil pessoas visitaram as Seychelles. O número até pode parecer menor, mas neste grupo de 115 ilhas africanas habitam apenas 90 mil pessoas. Quando há poucos anos visitei este paraíso, um dos maiores prazeres foi explorar praias desertas.
Poderá parecer egoísmo, mas quem deseja partilhar tais areais e praias de sonho com milhares de turistas? Assim, para evitar o excesso de turistas, as Seychelles decidiram-se pela proibição da construção de grandes empreendimentos hoteleiros, autorizando somente pequenas unidades.
Taj Mahal – Se pretende visitar o Taj Mahal, em Agra, na Índia, a visita está agora limitada a 180 minutos. O Governo Indiano decretou que é tempo de impor um limite temporal às visitas para reduzir a aglomeração de turistas dentro do templo.
Ilhas Galápagos – Para proteger as ilhas, os visitantes podem ficar no máximo quatro dias e cinco noites, e só pode haver quatro desembarques de navios num espaço de 14 dias. Anualmente, o arquipélago das Galápagos, no Equador, recebe 150 mil turistas.
Fernando de Noronha – Quase 100 mil pessoas visitaram o arquipélago brasileiro, no Estado de Pernambuco, em 2017. A lei brasileira define que apenas 246 visitantes diários aterrem em Fernando de Noronha. Este número foi ultrapassado e não são de excluir novas restrições na quantidade de voos.
O precário saneamento básico, problemas de abastecimento de água, infraestruturas aeroportuárias e portuárias insuficientes e o despejo de dejectos no mar – afectando os corais – são alguns dos problemas detectados pelas autoridades locais para justificar as limitações.
Santorini – Santorini decidiu um impor um limite de oito mil entradas através dos cruzeiros.
Cinque Terre – Esta série de cinco localidades piscatórias na Riviera Italiana adoptou um sistema de contagem de visitantes, limitando o número em 1,5 milhões anuais.
Barcelona – Em 2017, foi aprovada uma lei de carácter urbano visando o alojamento turístico, que procura limitar o número de camas em hotéis e apartamentos turísticos. A lei impõe uma moratória na construção de novos hotéis e na emissão de licenças para apartamentos turísticos.
Butão – No reino asiático do Butão é imposta uma taxa diária a cada turista de 200 dólares (162€). Este valor inclui alojamento de três estrelas, refeições, transporte doméstico e guia. Alegadamente, 65 dólares são usados para a melhoria do sistema educativo, assistência médica gratuita, desenvolvimento de infra-estruturas e redução da pobreza.
Antártida – Foi recentemente proibida a entrada de navios com mais de 500 passageiros e apenas 100 passageiros podem estar em terra de cada vez.
Uganda – O Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, local inscrito na UNESCO, permite apenas que oito pessoas por dia visitem uma família de gorilas.
Ruanda – A taxa para acesso é de 1500 dólares por pessoa para cidadãos estrangeiros. No parque nacional dos vulcões existem dez famílias de gorilas de montanha. É estipulado que apenas um máximo de oito pessoas, sem exceder uma hora, possam visitar uma família de gorilas.
Nova Zelândia – Apenas 100 pessoas podem caminhar, em simultâneo, pelos trilhos da Milford Track, na zona dos fiordes.
Veneza – Ainda não existem limites, mas a pressão turística tem levado os cidadãos locais a protestar nas ruas contra o excesso de turistas nesta famosa localidade italiana. Especula-se que muito em breve deverão ser tomadas medidas para reduzir o fluxo de visitantes.
Outros locais turísticos que devem considerar medidas restritivas
- Quénia – Masai Mara
- Tânzania– Serengeti
- França – Museu do Louvre (Paris)
- Inglaterra – London Eye (Londres)
- México – Chichen Itzá
O que posso fazer para ajudar a reduzir o impacto negativo do turismo
- Limite a visita a um tempo mínimo
- Visite ao início do dia, quando menos turistas estão presentes
- Evite os períodos mais populares como férias escolares, Natal, Ano Novo, Páscoa, fins-de-semana e feriados
- Opte por garrafas de água reutilizáveis
- Evite caminhar sobre as dunas e recifes de coral
- Deposite o lixo nos contentores apropriados ou leve-o consigo e despeje-o em local indicado
- Não alimente a especulação imobiliária e alterne a sua estadia entre hotéis e alojamento local
- Procure locais alternativos para visitar
- Frequente outras zonas das cidades longe dos centros turísticos. O seu bolso irá agradecer – porque alojamento e restaurantes são aí menos dispendiosos. Terá um atendimento mais atencioso e irá dar um importante contributo aos estabelecimentos locais longe do furacão turístico
- Utilize shampoo e detergentes biodegradáveis se visitar regiões ecologicamente sensíveis
- Esqueça as selfies e viva o momento
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