Por três vezes desloquei-me ao Centro Cultural Mevlana, em Konya, para perceber se haveria, de facto, a habitual demonstração dos Dervixes. Um dervixe é um praticante do islamismo sufista, conhecido pela extrema pobreza e austeridade. Atravesso as ruas de Konya durante o dia, ante um calor sufocante, mas nunca obtenho resposta.
Em Konya, todos os sábados, às sete da tarde, o Centro Cultural Mevlana abre as portas, de forma gratuita, para mostrar esta inebriante cerimónia aos visitantes da cidade. Todavia, estou na Turquia durante o movimentado período do Eid al-Fitr – o fim do ramadão – e quase tudo encerra temporariamente ou demora a reabrir.
Sei que poderia assistir a um espectáculo de Dervixes (sema) em Istambul, mas se é algo que define Konya – além da prática religiosa e conservadora – são os dervixes. E nada se compara com a autêntica cerimónia nesta cidade, considerada a terra-mãe desta tradição.
Sema deriva do hábito de Rumi de, ocasionalmente, rodopiar em alegria extática nas ruas de Konya. Rumi, ou Mevlana, foi um poeta, jurista e teólogo sufista persa do século XIII. A principal obra de Rumi foi um poema, dividido em seis volumes, considerado por vários como o Corão em língua persa.
Após a morte de Rumi em 1273, a ordem Mevlevi espalhou-se pelo Império Otomano. Embora todas as ordens de dervixes tenham sido encerras logo após a fundação da actual Turquia, a ordem Mevlevi foi depois autorizada como organização cultural.
O largo auditório vai lentamente enchendo com visitantes para a cerimónia dos dervixes. Os espectadores passam alguns minutos a escolher o melhor lugar para assistir à cerimónia. Eu decido quase de imediato: opto pelo lugares mais elevados para obter uma visão mais panorâmica.
A cerimónia inicia-se quando um primeiro homem, vestido de preto, caminha para o centro do auditório, onde a luz incide e repousa, posteriormente, num tapete vermelho.
Numa zona específica do espaço semicircular, 21 tapetes brancos, expostos no solo, aguardam pelos outros dervixes. Passo a passo, ainda em silêncio, todos os dervixes presentes ocupam os lugares – alguns ficam por preencher.
No lugar da orquestra, um homem dá início ao acompanhamento musical e vocal. As canções oratórias são emitidas por uma orquestra de vários membros, acompanhados por vários instrumentos de sopro e percussão. Em êxtase, os dervixes (e quem assiste) rodam por uma hora os longos vestidos brancos.
Os vários dervixes despem os sobretudos pretos e iniciam a sua dança, envergando apenas um longo vestido branco que aparenta rodar à sua volta, enquanto se mexem pelo semi-círculo.
As luzes alternam, em cada canção oratória, entre branco, vermelho, azul ou verde. A roda é uma forma de oração, com o propósito de espalhar afecto e amor pela humanidade.
Na memória fica-me uma parte da obra de Rumi, que expressava o convite para a sema de uma forma peculiar:
Quem quer que você seja, venha
Mesmo que seja
Um infiel, um pagão ou um adorador do fogo, venha
A nossa irmandade não é de desespero
Embora tenha violado
Cem vezes os seus votos de arrependimento, venhaRumi
De Portugal a Macau – crónica #9
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