Ainda mal havia entrado no Sud Express, na Gare do Oriente, em Lisboa – no início da viagem De Portugal a Macau – e já me entretinha a conversar com uma mulher francesa que seguia até Paris – cidade por onde eu planeava passar mais tarde.
Não sei o seu nome, mas conta-me que esteve, nesse dia, à espera de amigos que voaram da capital francesa para Lisboa mas o avião chegou bastante atrasado devido a uma (sem surpresas…) greve dos controladores aéreos. Mais uma, exclamo eu.
Não há como fugir ao tema das greves e ainda mais quando este tema se discute com uma pessoa natural de França. Esses protestos fazem parte do dia-a-dia dos franceses, quase diria que são tão comuns como o iluminar da Torre Eiffel todas as noites.
Sucedem nos comboios, autocarros, função pública, no metropolitano, e em muitos outros sectores, acrescenta esta turista francesa, enquanto o Sud Express já há muito deixou para trás a gare do Oriente.
Tendo já estado por diversas vezes em Portugal – em Lisboa, no Minho, no Porto – lamenta como eu, que muitos locais de Portugal (pelo menos nas principais cidades) pareçam estar a perder o traço genuíno.
Lembra-se, esta mulher francesa, por exemplo, de quando há muitos anos entrava na Livraria Lello, na cidade do Porto, para… imagine-se comprar livros. Sem ter que pagar para entrar como agora (ainda que esse valor seja devolvido se se comprar um livro), sem filas, sem fama que não fosse a dos autores expostos nas prateleiras.
A simpática mulher francesa diz-se preocupada com a “perda” das zonas históricas de Lisboa, do Porto, ou de outras cidades como Paris, Barcelona ou Veneza para o turismo de massas.
Talvez estejamos, muitos de nós, sociedade civil, políticos, investidores, moradores, confusos ou divididos em relação ao impacto do turismo em algumas das principais cidades europeias e mundiais.
Se ao mesmo tempo, a injecção de dinheiro proporcionou a regeneração de zonas e prédios degradados ou devolutos, também não é menos verdade que a entrada de capitais forçou a subida das rendas – em muitos casos de forma desproporcional – associado ao movimento de muita gente para as periferias.
Terá o efeito positivo sido suficiente para suplantar os problemas causados pela entrada de turistas e residentes estrangeiros e o maior poder financeiro destes? É um assunto pouco pacífico e sem conclusão à vista.
Quase em paralelo com este fenómeno, implodiu também o turismo avalanche – os navios de cruzeiros – que invadem as águas onde atracam e – em consequência – as ruas das cidades. Ainda na noite anterior, da janela do apartamento do meu pai havia assistido ao deslizar pelo Tejo de um gigantesco navio.
Anunciava com pompa e circunstância (num enorme aparato de luzes roxas e vermelhas) a saída de Lisboa – com destino desconhecido, para mim, claro. Lá em baixo, onde o rio se torna mar, já outro navio se preparava para remexer as mesmas águas do Tejo e ali atracar por umas horas.
Entretanto, o comboio onde sigo demora-se no Entroncamento, talvez à procura da linha certa para o caminho que me leva a San Sebastián, ou, como lhe chamam os bascos – Donostia. Pelo menos aqui não há pressa que me leve até Espanha.
De Portugal a Macau – crónica #2
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