Um dia o petróleo será pó. Um dia, quando este combustível fóssil finito chegar ao fim. Quando países como os EUA, a Arábia Saudita, a Venezuela ou o Iraque esgotarem este tipo de recurso natural, então será tempo de, seriamente, procurar alternativas.
A influência geopolítica irá mudar radicalmente, é fácil prever. Até lá o Azerbaijão será um país com influência.
O país produz cerca de 800 mil barris de petróleo por dia e 30 biliões de metros cúbicos de gás por ano. Munido de inúmeros recursos no Mar Cáspio e em terra, este país que divide a fronteira com países como o Irão ou a Rússia tem um PIB per capita elevado – perto de cinco mil dólares.
Há, no entanto, uma discrepância abissal entre os que vivem do Petróleo e os restantes. Até entre os que habitam na moderna e vibrante capital Baku e a restante população.
Despeço-me de Tbilisi, das montanhas do Cáucaso e da Geórgia – onde passei 45 dias – ao fim do dia e acordo, horas depois, com a chegada do sol sobre a paisagem semi-desértica do Azerbaijão. Divido o compartimento com dois passageiros locais.
Um deles dorme profundamente durante toda a noite, enquanto o outro bebe chá repetidamente e em cada dessas vezes também me pergunta se quero uma bebida quente. Digo-lhe que não, pois o tempo passado a bordo com o comboio parado – três horas para controlo fronteiriço georgiano e azeri – foi mais do que suficiente para “aquecer”.
Às portas de Baku, casas e mais casas de tijolo branco são erigidas numa imensidão de pó. Em várias destas, portas abrem para varandas inacabadas e têm vista para montanhas de pneus usados, à espera de recolha para uso na indústria.
Em oposição, na cidade capital, crescem e competem por espaço os andares envidraçados de alumínio brilhante e polido. Transformam-se avenidas em auto-estradas, cais e portos em docas para iates.
Constroem-se fontes de água foleiras, com cisnes de pedra e todas as noites encena-se o hino ao patriotismo com as cores nacionais que iluminam as torres tri-gémeas da cidade, enquanto embasbacados turistas e locais param para assistir.
Convidam-se famosos arquitectos internacionais para preencher zonas limítrofes da cidade e transformar construções em atracções turísticas – como o Centro Heydar Aliev da falecida arquitecta Zaha Hadid. Em Baku vê-se um espelho reduzido do Dubai, uma cidade à procura de protagonismo e uma nova identidade.
Mas tal como no Dubai, o que sobra em modernidade sobra em liberdade democrática. A imagem do líder do país está por todo o lado. Chega a ser enjoativo o uso da mesmíssima fotografia de um homem que lidera uma nação rica em petróleo. Que abdica da democracia para escrever a sua biografia. Que lugar na história tem um líder que não deseja ser desafiado?
Nas eleições de 2018, os principais partidos da oposição boicotaram o acto eleitoral, por considerarem que era uma perda de tempo, acusando o presidente de liderar um regime autoritário e suprimir dissidência política.
As últimas eleições foram as primeiras desde o Referendo Constitucional de 2016, que permitiu a extensão do mandato presidencial de cinco para sete anos.
O presidente Ilham Aliyev governa o Azerbaijão desde 2003 e durante esse período, a sua família acumulou uma vasta fortuna.
Lá fora, ainda a partir da janela do comboio, vejo os sinais da riqueza do Azerbaijão: plataformas petrolíferas que, incansáveis, repetem o mesmo movimento vertical.
Tendo feito parte da União Soviética, este “new kid on the block” comunica com uma língua semi-emprestada dos turcos, está numa posição funil – entre dois inimigos do passado (Rússia e Irão), em conflito com a Arménia e algumas outras quezílias com a Geórgia.
Para os visitantes e turistas, porém, o Azerbaijão está longe de ser um país onde o turismo irá ser a maior fonte de receitas. Talvez até mesmo quando o petróleo se transformar em pó.
De Portugal a Macau – crónica #19
Siga a minha viagem: De Portugal a Macau
Sempre que quiser marcar um voo, um hotel ou comprar seguro de viagem, use as plataformas que eu recomendo e confio. Só tem de clicar nos links abaixo antes de pesquisar as suas viagens.
Não paga mais por usar estes links.
- Hotel em Baku ao melhor preço
- Seguro de viagem na IATI ou na Heymondo (5% de desconto com este link)
- Voos mais baratos para a próxima viagem
- Carro alugado com tarifas reduzidas
- Cartão bancário sem comissões para viajar
- Guarde a bagagem de forma segura e barata
- Workshops de fotografia — aprenda a fotografar comigo
- Viagens de aventura — venha viajar comigo
Nota: Este texto pode conter links afiliados, mas não paga mais por usar qualquer link (e até pode poupar). Garantido!
Organizo e lidero viagens em grupo para destinos que conheço bem. E só faço viagens com pequenos grupos (máximo de 12 pessoas).
Já estive em 60 países, por isso se tiver uma viagem em mente com um grupo de amigos, familiares ou colegas de trabalho, contacte-me e terei todo o prazer em planear, organizar e liderar a viagem que deseja. O roteiro poderá ser desenhado à medida, assim como o orçamento e actividades.
- Veja o calendário das viagens e inscreva-se ou diga-me para onde quer viajar em grupo e eu trato de tudo.