Visitar Vila Real de Santo António — das praias ao iluminismo

Vila Real de Santo António (VRSA) é considerada a cidade iluminista e uma das mais interessantes em termos arquitectónicos. A (agora) cidade algarvia foi projectada a régua e esquadro ao estilo da Baixa de Lisboa, pelo Marquês de Pombal em 1774.

Essa forma retilínea, perpendicular é facilmente identificável quando se cruzam as ruas de VRSA ou quando vemos uma imagem aérea do núcleo central. Outros detalhes emergem deste desenho particular da cidade, com casas térreas uniformes ou de primeiro andar com mansardas (as janelas que ressaem no telhado). Até o próprio edifício da Câmara Municipal apresenta este estilo.

O facto da cidade ter sido feita de raiz, em pouco mais de dois anos, com quarteirões bem definidos, simples e funcionais, permitiu a Vila Real de Santo António escapar ao desordenamento urbano de outras localidades do Algarve.

Do centro histórico ao Farol, do Rio Guadiana às várias e extensas praias, há muito para visitar em Vila Real de Santo António.

O que ver e visitar em Vila Real de Santo António

Praça Marquês de Pombal

A Praça Marquês de Pombal, ou Praça da República, é o ponto central de VRSA. Esta zona nobre da cidade apresenta edifícios brancos, cafés ao ar livre e um obelisco. As pedras negras do chão vieram da Madeira (e as brancas de Espanha).

No centro da praça está um obelisco a homenagear o rei D. José I e o Marquês de Pombal, erguido por ordem do próprio Marquês dois anos antes de cair em desgraça após a morte do rei.

Este é um bom local para fazer uma pausa, contemplar o movimento dos locais e descansar num dos vários bancos de madeira.

Centro Cultural António Aleixo

António Aleixo, poeta nascido em VRSA em 1899, é uma das figuras mais populares da cidade algarvia. O antigo mercado foi convertido no Centro Cultural António Aleixo e acolhe exposições temporárias e filmes.

António Aleixo compunha poesia em tom irónico, por vezes cantando em feiras ou festas locais.

Quem nada tem, nada come; e ao pé de quem tem comer, se disser que tem fome, comete um crime, sem querer. Até nas quadras que faço. Aos podres que o mundo tem, sinto que sou um pedaço do mesmo podre também.

António Aleixo

Farol de Vila Real de Santo António

O Farol de Vila Real de Santo António é um dos símbolos da cidade, para quem chega por mar ou por terra. Trata-se de uma torre com cerca de 40 metros em funcionamento desde o início de 1923 que serve ainda hoje como referência aos barcos que navegam nas águas portuguesas e espanholas.

Do topo têm-se amplas vistas da cidade, do Rio Guadiana, de partes da Andaluzia ou da Mata Nacional das Dunas de Vila Real de Santo António.

O farol de Vila Real de Santo António está aberto a visitas às quartas-feiras, entre as 14h e as 17h, no Verão, e entre as 13h30 e as 16h30, no Inverno. As visitas não têm qualquer custo e não necessitam de marcação. 

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Encarnação

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Encarnação foi construída no séc. XVIII, tendo já sofrido obras de beneficiação no século passado. A igreja destaca-se com a sua arquitectura religiosa pombalina, pelas capelas laterais, a sua enorme porta e os vitrais coloridos.

Museu Manuel Cabanas

O Museu Manuel Cabanas é um pequeno museu em Vila Real de Santo António, que apresenta a maior colecção de gravuras em madeira do país e apresenta mais de 200 pedras utilizadas na impressão litográfica. Esta técnica era utilizada no passado, por exemplo, para fazer as inscrições das marcas nas latas de conservas.

Embora seja um espaço reduzido, o espólio — agora alojado no Arquivo Municipal, na frente ribeirinha de VRSA — é fascinante, assim como todo o processo para obter as gravuras.

Centro Histórico 

O centro histórico de VRSA apresenta o típico traçado geométrico característico do Marquês de Pombal, sendo que as ruas — como se fossem afluentes de um rio — vão desaguar na Praça Marquês de Pombal, onde estão os Paços do Concelho e o obelisco. Mas é preciso também apreciar os prédios da época, com os telhados que nos olham — as mansardas. 

Manta Rota

Manta Rota é uma pequena localidade piscatória, mas que é conhecida sobretudo pelas praias. Estas fazem parte de uma vasta área arenosa litoral que se estende desde a foz do rio Guadiana até à Península de Cacela. Não há muito mais para explorar além da praia e da praça principal.

Uma peculiar tradição da Manta Rota é a festa de 29 de Agosto em homenagem a São João da Degola, a evocação actual de uma tradição antiga. Há 200 anos, os residentes na serra desciam montados em burros até à praia e celebravam o “banho santo” para curar os males.

Praias 

Vila Real de Santo António é também sinónimo de praia. São várias e extensas as praias que existem neste concelho algarvio. Desde logo a Praia de Santo António à qual se acede por um passadiço de madeira entre a Praia de Monte Gordo e o Rio Guadiana.

Mas há muitas outras praias para explorar em Vila Real de Santo António e Castro Marim, de Monte Gordo à Praia da Fábrica, em Cacela Velha.

Rio Guadiana

Correndo por várias centenas de quilómetros, passando Mértola (a Vila-Museu) é em Vila Real de Santo António que o maior rio do sul do país — o Rio Guadiana — se despede e se desvanece nas águas salinas no Oceano Atlântico. E é o rio que também dá outra dimensão à cidade que, orgulhosamente, vive entre o rio e o mar.

Castro Marim

Castro Marim está situado a apenas 4 km de VRSA, mas é uma localidade que vale bem a pena explorar. Desde o Castelo de Castro Marim ao Forte de São Sebastião, passando pela Praia Verde, há motivos mais que suficientes para pegar no carro e deslocar-se até ao concelho vizinho.

Cacela Velha

A aldeia de Cacela Velha é uma das mais bonitas do Algarve. A pequena povoação começou a ganhar popularidade nos últimos anos e embora seja, por vezes, confundida por fazer parte do concelho de Tavira, pertence na realidade a VRSA.