As minhas 11 razões para viajar (já hoje)

Seja ou não viajante assíduo, a verdade é que todos nós, em algum momento, necessitamos de razões para viajar. Por experiência própria sei que, por vezes, é difícil voltar a viajar depois de ter estado algum tempo sem partir.

Desde há vários anos que tenho a felicidade de realizar várias viagens por ano. No entanto, recentemente, por motivos pessoais estive algum tempo sem viajar.

A experiência e prazer acumulados de vários anos a viajar pode não ser suficiente para derrotar alguma quebra de confiança e, talvez, letargia que se instala depois de uma paragem mais longa. Se está a passar por este estado inebriante em que tem dúvidas, talvez necessite de inspiração e que lhe recorde algumas das razões para viajar.

Será que viajar é um vício? Para mim, viajar não é apenas um prazer, é uma forma de vida.

Razões para viajar

1 Prazer

Uma confissão: viajar é um dos maiores prazeres que tenho na vida. Se, tal como eu, também viaja não é surpresa para si esta minha confissão. Sair da monotonia do dia-a-dia, conviver com novas gentes, mergulhar em oceanos quentes e recheados de corais e vida marinha, escalar vulcões, deliciar-me com comidas exóticas ou provar excelentes vinhos locais.

2 Novas e velhas amizades

Na escola, no bairro, na pequena localidade onde nasceu ou na universidade. Este são os locais onde, por norma, nascem as grandes amizades e que, na maioria dos casos, perduram para toda a vida. Claro que existem os “amigos” das redes sociais, mas quantos de nós contariam chamar esses amigos para uma festa de aniversário ou pedir auxílio em momentos menos positivos? Claro, que também há amizades que nascem nas redes sociais.

Há quem diga que à medida que se avança na idade se torna mais complicado fazer novos amigos. Acredito que o mesmo sucede quando se habita em grandes cidades, onde cada qual vive a sua vida e, com excepção de alguns vizinhos e colegas de trabalho, os novos amigos escasseiam.

Em viagem, pode criar e fomentar novas amizades – algumas que nem o passar dos anos e, em muitos casos, a distância esfriam. Estes novos amigos surgem, fruto do acaso, mas porque está a viajar. Se até a mim (que sou bastante introvertido) me aconteceu, pode ter a certeza que a si também acontecerá.

Viajar permite também fortalecer amizades antigas. Pode viajar com velhos amigos, alguns dos quais pode até nem ter tido a possibilidade de conviver nos tempos mais recentes.

Claro que é óptimo desfrutar de um par de imperiais na esplanada local, mas quem irá esquecer aquelas cervejas frescas partilhadas no Deserto do Namibe, numa incrível noite estrelada?

3 Cultura e conhecimento

Poderia passar manhãs, tardes, dias a fio na biblioteca local ou na internet para me inteirar do surgimento de civilizações como os Maias e Incas. Talvez pudesse comprar um livro e perceber como foram construídos os Templos de Bagan, em Myanmar, ou ler um artigo sobre as macabras cerimónias fúnebres de Tana Toraja, na Indonésia, ou sobre a edificação do Muro de Berlim, na Alemanha.

Todas estas actividades são boas formas de passar o tempo e de me instruir sobre grandes acontecimentos da Humanidade ou importantes locais arqueológicos, religiosos ou arquitectónicos.

Todavia, nenhuma destas seria comparável a visitar o majestoso complexo de Tikal, na Guatemala, acompanhado por um conhecedor guia, ao som dos inimitáveis sons das populações de macacos que habitam a floresta. De igual modo, as folhas da melhor obra literária seriam diminutas (e incompletas) perante a possibilidade de visitar e admirar a grandiosidade dos Templos de Bagan.

4 Desemprego

Se estou desempregado, como posso viajar? Acredite, poderá fazê-lo. É claro que terá, porventura, de ter mais atenção aos gastos. O facto de ter perdido o emprego ou de se ter despedido porque já não suportava mais o seu chefe, não significa que o mundo vai acabar hoje.

Por que não tirar uma ou duas semanas de férias e explorar uma nova região? Não necessita de gastar cinco mil euros para fazer uma volta ao mundo.

Se quiser poupar dinheiro, pode, por exemplo, pegar numa tenda de campismo, comprar um bilhete de comboio ou pegar no carro e deixar o tempo passar enquanto assiste ao elegante movimento das ondas do mar desde a janela do seu “quarto” – composto por quatro paredes de tecido. Estar desempregado é uma das boas razões para viajar.

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5 Mudar de emprego (ou de vida)

Depois de dez anos a arrastar-se entre a sua habitação e o mesmo entediante emprego, de meses a fio a ouvir o chefe arrogante, a escutar as mesmas velhas piadas, a receber o mesmo ordenado, tomou, enfim, coragem, enviou currículos, foi convidado para uma entrevista e, finalmente, aceitou uma nova oferta.

Agora, está excitado com esta nova fase na sua carreira e deseja começar o quanto antes. Mas, porque não fazer uma pequena pausa antes de iniciar esta nova etapa? Viajar antes de começar um novo emprego permite que seja mais produtivo, já que chega revitalizado física e mentalmente. O seu chefe (apenas o novo chefe, claro) vai agradecer-lhe mais tarde.

Aliás, um estudo recente do Instituto Europeu de Administração de Empresas, em França, constatou que pessoas que viajam e conhecem novas culturas e países podem ser favorecidas na hora de encontrar trabalho, devido às aprendizagens ganhas nessas aventuras pelo mundo. E o mesmo estudo afirma que viajar nos pode tornar mais inteligentes.

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6 Ano sabático

Descontente com a forma como a instituição onde está integrado está a operar? Ou apenas necessita de expandir horizontes e absorver novas perspectivas? O ano sabático não tem, necessariamente, de ser passado na totalidade a efectuar pesquisa para uma nova tese de doutoramento. Se vai solicitar um ano sabático porque não aproveita todo o tempo livre para descobrir a cultura e costumes locais.

7 Reforma

O dia da reforma chegou, enfim. Após décadas consecutivas sentado à secretária, as suas costas exigem que passe mais tempo noutra posição. É tempo de se erguer – deixar para trás os 40 anos de contributo positivo que deu à empresa onde sempre trabalhou – e aproveitar o tempo livre para viajar.

Se tiver a felicidade de ter uma reforma um pouco acima da média (e saúde) não fique fechado em casa a assistir aos inúmeros deprimentes programas de televisão. Existem programas de férias e empresas dedicadas exclusivamente para reformados, sem precisar de dispôr de uma reforma de banqueiro ou político.

8 Lua-de-mel

Esta é uma das mais óbvias razões para viajar. Muitos casais passam meses consecutivos a planear o dia de casamento – que consideram o mais importante das suas vidas. Porque não utilizar algum desse tempo para planear uma lua-de-mel mais interessante e excitante do que um pacote de férias tudo incluído em Cancún?

Claro que as praias de  Cancún são fantásticas. Nada contra Cancún ou pela Riviera Maya em geral, pelo contrário, mas existe quase a ideia pré-concebida que uma lua-de-mel tem de ser numa praia com tudo incluído.

E se lhe disser que com o mesmo dinheiro de umas férias num resort superlotado, pode conhecer mais do que apenas uma praia mexicana – por mais bonita que seja. Com o mesmo dinheiro, talvez possa viajar duas semanas pela Ásia, conhecendo dois países como o Cambodja e Vietname.

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9 Divórcio

Se a excitação do início da relação e aquela lua-de-mel (talvez longe do resort turístico) já lá vão e chegou a hora (difícil) do divórcio, então esta é mais uma altura ideal para partir à aventura.

Aproveite a liberdade, esqueça o passado e aponte a mira ao futuro. Saboreie o momento enquanto lê as indicações para chegar àquela maravilhosa queda d’água na Islândia. O fim do casamento ou da relação, tal como o desemprego, não representam o fim do mundo. É apenas o início de outra fase.

Viaje. Hoje. Amanhã. Não hesite.

10 Voluntariado

Se perdeu o emprego, está reformado ou sente vontade de ajudar, então aproveite o seu tempo livre para participar numa causa nobre. Se vai passar três meses a ajudar crianças órfãs em Moçambique, ou está na Costa Rica, a recolher plástico dos areais das praias, aproveite alguns desses dias para conviver com os cidadãos locais e descobrir as belezas naturais, arquitectónicas e gastronómicas da região onde se encontra.

O projecto português Para onde? divulga diversos projectos de voluntariado em todo o mundo.

11 Saúde

O ambiente de trabalho é sufocante. Já não aguenta mais acordar, vestir aquela farda ou fato para se deslocar para o trabalho que despreza. Todos os dias sonha em deixar para trás aquela empresa e as tarefas que não o motivam. Quem não passou (ou passa) por esta situação?

A sua saúde, principalmente, mental é uma das principais razões para viajar. Viajar é uma das melhores formas de motivação que conheço. Mesmo que tenha de regressar ao trabalho desmotivador — e retomar todas as tarefas que detesta – não irá arrepender-se de ter viajado. Enquanto explora um novo local, a sua mente irá estar ocupada com outros detalhes — por exemplo, a que horas tem de acordar para ver o nascer do sol no Rio de Janeiro?

Viajar, ou apenas sair de casa, dizem os especialistas, é um dos melhores anti-depressivos que existem. Preocupa-o o facto de poder ficar viciado? É muito provável que isso aconteça, mas o tratamento é fácil e saudável — continuar a viajar!

E espreite também 12 razões para nunca viajar sem seguro de viagem.

Quais são as suas principais razões para viajar?

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