Anualmente, é elaborada a lista dos locais da UNESCO em perigo, destacando trabalhos positivos e emitindo alertas para locais ameaçados. Existem países onde os locais em risco são insuspeitos, como no Afeganistão, República Democrática do Congo ou Palestina. Todavia, outros lugares são bastante mais surpreendentes como o Centro Histórico de Viena e a zona Mercantil de Liverpool.
Nos primeiros casos, a ameaça deve-se sobretudo aos conflitos armados nesses países ou regiões, enquanto nos casos europeus o risco surge da especulação imobiliária. Neste momento existem mais de 50 locais em perigo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sendo que apenas três se situam na Europa, enquanto a maioria está em África, Médio Oriente e Américas.
Lista de locais da UNESCO em risco
Centro Histórico de Viena (Áustria)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2017
O comité da UNESCO anunciou a decisão de colocar o Centro Histórico da UNESCO na lista vermelha, depois da autorização da construção de um hotel de vários pisos. A organização considera que este prédio irá ter um impacto negativo na beleza e “valor universal excepcional do local”. O Centro Histórico da capital austríaca reúne um importante conjunto de edifícios, incluindo castelos de estilo Barroco.
Barreira de Coral (Belize)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2009
Os recifes de coral do Belize e a vida marinha adjacente são inacreditáveis. Ainda hoje retenho na memória a experiência de mergulho que vivenciei naquela zona do planeta. O Sistema da Barreira de Coral do Belize é a maior zona de coral do Hemisfério Norte, com atóis, lagoas, estuários e manguezais. Desde 2009, que a UNESCO declarou o Sistema da Barreira de Coral como local ameçado. O principal problema identificado diz respeito ao corte de manguezais e desenvolvimento excessivo.
Potosí (Bolívia)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2014
Em 2014, o Comité do Património Mundial inscreveu a Cidade de Potosí, na Bolívia, na lista dos locais da UNESCO sob ameaça, devido “às contínuas e descontroladas operações de mineração” na Montanha de Cerro Rico. A UNESCO considera que a constante actividade mineira irá degradar esta fantástica cidade boliviana, existindo até o risco de colapso do Cerro Rico, além dos imediatos e prolongados impactos ambientais na paisagem e, sociais, na população local.
Floresta Tropical de Sumatra (Indonésia)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2011
A Floresta Tropical de Sumatra é uma das regiões com maior diversidade do planeta, englobando três parques nacionais: Gurung Leuser, Kerinci Seblat e Bukit Barisan Selatan. A área total da floresta ascende a mais de 25 mil km2.
A organização decidiu colocar esta mata atlântica indonésia na lista em risco, devido à caça ilegal, extracção ilegal de madeira, corte de árvores para agricultura e planos para construir estradas.
Sítio de Palmira e Cidades velhas de Aleppo e Damasco (Síria)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2013
Sem surpresas, a Síria é uma das nações com mais locais da UNESCO em perigo. Desde o início do conflito – que já matou cerca de meio milhão de pessoas – cidades quase foram apagadas do mapa. Naturalmente, o património arquitectónico foi afectado de forma significativa.
O Comité do Património Mundial decidiu colocar seis sítios da Síria na lista e alertar para os riscos que enfrentam devido à grave situação do país do Médio Oriente. A UNESCO afirma que esta inscrição na lista pode ser um catalizador para “mobilizar todo o apoio possível para a salvaguarda desses locais”, reconhecidos como tendo um valor universal excepcional para a humanidade.
Os seis locais sob forte ameaça na Síria são: Cidade velha de Aleppo,
Cidade velha de Damasco, Sítio de Palmira, Cidade velha de Bosra, Crac des Chevaliers e Qal’at Salah El-Din, Aldeias Antigas do Norte da Síria.
Cidade marítima mercantil de Liverpool (Inglaterra)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2012
Um projecto megalómano de renovação das docas de Liverpool – com valor superior a seis mil milhões de euros – levaram a UNESCO a classificar esta zona da cidade dos Beatles como ameaçada. O projecto Liverpool Waters continua a avançar e a organização da ONU salientou os factores negativos da obra.
O Comité sustentou que “o desenvolvimento irá ampliar significativamente o centro da cidade, alterar o horizonte e perfil e irá fragmentar e isolar visualmente as diferentes áreas portuárias”. A UNESCO avisou que, se o projecto for implementado (e tudo indica que será), Liverpool irá perder de forma permanente o valor universal excepcional pelo qual recebeu o selo de Património Mundial.
Parque Nacional Everglades (Estados Unidos)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2010
Depois de ter saído da lista de locais da UNESCO em perigo em 2007, o Parque Nacional Everglades, nos Estados Unidos, voltou a ser colocado na zona vermelha em 2010. A organização justificou a decisão com a prolongada e grave degradação do ecossistema aquático. Curioso é o facto da inscrição ter sido feita a pedido dos Estados Unidos e do gigante americano ter solicitado ajuda da organização para resolver o problema o mais depressa possível.
Da primeira vez que os Everglades foram incluídos na lista de Património Mundial em perigo, isso deveu-se aos estragos causados pelo furacão Andrew, em 1993. No entanto, os problemas subsistem, já que os “fluxos de água foram reduzidos até 60% e a poluição por nutrientes aumentou”, causando perdas significativas de habitat e espécies marinhas.
Reserva de Selous (Tanzânia)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2014
Com uma área superior a 50 mil km2, a Reserva de Selous abriga um elevado número de elefantes, rinocerontes negros, chitas ou hipopótamos. Em 2014, porém, a UNESCO decidiu alertar para a necessidade da comunidade internacional se unir contra o tráfego ilegal e apoiar a Tanzânia na luta contra a actividade criminosa dos caçadores furtivos. A organização avisa que o abate de animais dentro da Reserva de Selous está a dizimar populações inteiras de animais selvagens.
Floresta Tropical de Atsinanana (Madagáscar)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2010
A Foresta Tropical de Atsinanana inclui seis parques nacionais, na parte oriental de Madagáscar. Atsinanana entrou na lista de locais da UNESCO ameçados devido ao corte e extracção ilegal de madeira e à caça de lémures ameaçados de extinção. Este é, aliás, um problema grave na ilha de Madagáscar, já que grande parte da floresta foi devastada nas últimas décadas.
A UNESCO criticou a atitude do governo de Madagáscar que continua a autorizar a exploração das florestas para a recolha de espécies como o ébano. Ao olhar crítico da organização não escaparam também muitos países que ratificaram a Convenção de Património Mundial e que são os receptores destas madeiras.
Reserva da Biosfera de Rio Plátano (Honduras)
Data de inscrição na lista de Património em perigo: 2011
A Reserva da Biosfera de Rio Plátano é considerada uma das últimas zonas de mata atlântica da América Central, com flora e fauna abundantes e onde habitam populações indígenas que mantiveram o estilo de vida quase inalterado.
O governo das Honduras solicitou à UNESCO que colocasse Rio Plátano na lista de locais da UNESCO em perigo, sobretudo devido a ameaças como a extracção ilegal de madeira, pesca e caça furtiva. Além disso, o governo hondurenho reconheceu a incapacidade para controlar a ocupação dos terrenos, sobretudo por traficantes de droga.
Locais da UNESCO em perigo com resultados positivos
A verdade é que estes alertas da UNESCO acabam por ser efectivos, já que várias atracções anteriormente em risco de conservação foram retiradas da lista. Exemplos de disso são, por exemplo, o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, na Croácia, a Área de Conservação de Ngorongoro, na Tanzânia, o Parque Nacional de Iguaçu, no Brasil e Argentina, ou o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos.
A lista é actualizada anualmente e, em 2017, uma das atracções retiradas da lista em risco foi o Parque Nacional de Simien, na Etiópia. Esta região etíope havia sido adicionada à lista em 1996, ou seja, foram necessários mais de 20 anos para que a organização da ONU considerasse que tinha havido progresso suficiente para retirar o alerta.
Cabe a mim, e a si, visitar estes locais e de alguma forma tentar contribuir para a resolução dos problemas ou influenciar directa ou indirectamente para que não sejam destruídos de forma irremediável.
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