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Início Inspiração O dia em que me apaixonei em viagem
Miradouro de Spreetshoogte Pass, Etosha
Spreetshoogte Pass é uma passagem de montanha no centro da Namíbia, ligando o Deserto do Namibe à região de Khomas. Foto: Jorge Duarte Estevão

O dia em que me apaixonei em viagem

Inspiração Viagens África Namíbia
Jorge Duarte Estevão
Actualizado a 27/01/2025
14 Comentários

Era Maio. Em Portugal, no Alentejo, a Primavera – a estação do ano mais bonita – estava no seu esplendor. Os extensos campos estavam divididos entre o amarelo e o verde. A vida animal estava no auge.

As aves movimentavam-se que nem loucas para dar vida ao novo ciclo. No Alentejo, ou em qualquer outra região do mundo, esta altura do ano é afinal tempo de um crescendo de paixão, que aterra, meses mais tarde, num final feliz.

Nesse dia primaveril, de Maio de 2015, resolvi partir em busca de uma paixão antiga. Ela apenas me conheceu em Maio, mas eu já a tinha debaixo de olho há bastante tempo, embora não consiga dizer com exactidão deste quando.

Dias antes da partida preparei-me, mentalmente, para este encontro. Mas, já durante meses, ou anos, tinha antecipado como iria ser este momento. Tinha pensado quase tudo ao pormenor. Estava, notoriamente, nervoso.

Até hoje nunca soube explicar a razão desta paixão. Porém, de uma coisa tinha a certeza – era uma paixão verdadeira. Tinha lido muito sobre ela, ouvido histórias incríveis, tinha visto imagens e vídeos. A sua beleza fazia qualquer modelo desfazer-se com inveja.

Em cada um desses momentos em que ouvia histórias ou admirava fotografias, ficava arrepiado. E, só de pensar no dia em que nos íamos encontrar, sentia arrepios. Não tinha dúvidas, a paixão era real. Tinha (quase) a certeza que não iria ser um encontro frio. Sabia, de antemão, que ela era calorosa, em quase todos os dias do ano. Era um facto, não havia como escondê-lo.

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As horas que antecederam o momento do nosso encontro foram de angústia e ansiedade. Segui a lista que tinha elaborado durante semanas, coloquei tudo na mala de viagem e desloquei-me para o aeroporto. Cumpridos os rituais habituais – descalçar, entregar o equipamento, tirar a roupa, – embarquei, finalmente.

Era, agora, tempo de partir ao seu encontro. Todavia, faltavam muitas horas de viagem, mais uma escala noutro aeroporto e horas de espera. Já a bordo, tentei ler revistas de viagem, assistir a filmes e, até, dormir. No entanto, a expectativa era tal que nada do que fizesse me impedia de pensar nela.

Um dia depois, já no aeroporto, eis chegada a hora de nos conhecermos. O encontro foi sincero, sem grandes palavras. Ali, eu era um corpo estranho e, por isso, era necessário cumprir formalidades, rematar para canto a burocracia.

Ela sabia que dez dias era o todo o tempo que dispúnhamos e nada mais e era obrigatório aproveitar até ao último segundo. As minhas expectativas eram elevadas. Sei que, em muitos casos, quando estas são demasiado elevadas sobra, posteriormente, sabor a desilusão.

Desta vez isso não aconteceu, pois eu entreguei-me de corpo e alma. Ela mostrou-me lugares que apenas sonhava visitar, apresentou-me povos amistosos, vida selvagem ímpar, crateras causadas por meteoritos há milhares, milhões, de anos.

Recordo-me, particularmente, do momento em que saí do carro e o silêncio era total. Os insectos não voavam, o vento não soprava, o sol esforçava-se para sair daquele manto branco junto a essa costa dramática onde muitos padeceram durante séculos – quando os navios ficaram encalhados ou naufragados.

Quando aqueles, fugindo à arrogância das ondas do mar, se depararam com o deserto impiedoso sem fim à vista. Era aqui neste cenário que eu, juro, conseguia ouvir o meu próprio pensamento e os batimentos cardíacos.

Sustive a respiração, olhei em volta. Nada, ninguém. Nem um único som. Voltei a olhar. Tentei ouvir de novo. Nada. Momentos mais tarde, vislumbrei destroços de uma instalação mineira outrora no auge. Agora, a cor acastanhada do ferro era tudo o que restava.

Os ventos marítimos, o sódio, cloreto, sulfato, magnésio, potássio e outros elementos químicos haviam determinado a sua condição, mas não o seu destino. Por palavras mais simples, esse era o resultado do trabalho de décadas, do vento e de gotículas de água do mar.

Prazer na solidão?

Mais à frente encontrei uma pequena família de três cabras-de-leque que, parecendo sem rumo, buscavam um fio de água doce e erva fresca, num deserto quiçá mais velho que a existência da sua própria espécie. Mas, o deserto não é local apenas para vida selvagem resiliente.

Tive tempo para o fazer, não seguia em grande velocidade e entusiasmava-me a possibilidade de contactar com habitantes locais – ainda que soubesse, à priori, que não iríamos conseguir comunicar por palavras. Mas, gestos foram suficientes. Somos interrompidos por várias vezes pela nuvem de pó que perseguia a traseira dos (escassos) veículos quer por ali circulavam.

Os seres humanos são prova de resistência nas condições menos prósperas. Encontrei uma mulher, algures entre os 50 e 60 anos de idade, tendo apenas por companhia um rebanho de cabras. Ela acenou-me para parar.

Intrigava-me a sua presença aqui neste local poeirento, sem assistência, excessivamente quente. O que levaria esta mulher a escolher estar aqui sozinha, rodeada de uma imensidão…de nada. A viver apenas com a própria sombra desse sol, sem misericórdia, que ameaçava fazer explodir o mercúrio dos termómetros.

Não sentiria esta mulher a solidão que até as pessoas da sua idade, que vivem nas grandes cidades, rodeadas de presença humana, dizem sentir? Não sentiria vontade de partilhar a sua vivência com alguém? Ou, de como eu, de partir para descobrir uma nova paixão? Ou tudo o que necessitaria seria aquele cigarro que pediu e acendeu de imediato? Segui viagem sem resposta para estas minhas interrogações.

Da paixão ao delírio

Partir nesse dia de Primavera para encontrar esta paixão, que aqui descrevo, foi uma decisão premeditada. E esta paixão foi tão intensa que atingiu, em alguns momentos, o delírio. Como um oásis no deserto, o desejo levou à ilusão.

Quilómetro após quilómetro de avistamentos falhados, de vazio territorial, um leão surgia no horizonte. Não se tratava de um leão de carne e osso, com uma juba farfalhuda que havia crescido no seu corpo ano após ano.

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Era, isso sim, um leão esculpido por esta incessante vontade de ver um elemento desta espécie num habitat inóspito. Esse leão, de pedra, aposto que continua, ainda, inamovível naquela estrada deserta. Talvez até houvesse mais do que um. Ou talvez tivesse sido só a imaginação.

Dez dias depois, chegaria a hora de partir e, no posto de fronteira, não tenho dúvidas: as expectativas deste meu encontro cumpriram-se sem reticências. Partilhámos refeições, ela ouviu as minhas conversas e, levou-me por estradas poeirentas onde não encontrei outro ser humano. Por fim, relembro aquela última noite passada nas margens de um rio fantástico com vista para o território vizinho.

Rimos, bebemos e adormecemos juntos ao som de hienas e hipopótamos. Talvez até sob o olhar atento de leopardos.

Na hora de carimbar o passaporte e atravessar a linha que delimita a fronteira, ficou o meu enorme desejo de voltar. Até hoje… Tinha saudades tuas, Namíbia. Agora, passados vários anos, estou radiante por te reencontrar. E agora também já pode viajar comigo para a Namíbia.

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14 comentários

  1. Ana diz

    01/11/2018 em 00:20

    Adoro a partilha 🙂 Ainda me lembro bem de quando comecei a viajar tambem!

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      04/11/2018 em 13:12

      Olá Ana, qual foi o primeiro destino?

      Responder
  2. Inês diz

    04/11/2018 em 10:00

    Ah, Namíbia. Está nos meus planos apaixonar-me por ela muito em breve.

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      04/11/2018 em 13:11

      Olá Inês. Recomendo mesmo bastante a Namíbia. É daqueles locais a que temos de voltar, voltar e voltar… 🙂

      Responder
  3. Um dia vamos diz

    04/11/2018 em 12:31

    Parabéns por este artigo tão bem escrito!!

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      04/11/2018 em 13:12

      Obrigado. Espero que sirva de inspiração para continuar a viajar!

      Responder
  4. Sónia diz

    04/11/2018 em 16:55

    A paixão por viajar ? lembro-me de ter está vontade de conhecer o mundo desde sempre, muito influenciado pelos meus pais sem dúvida.

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      06/11/2018 em 14:08

      Na minha opinião, viajar é uma excelente forma de educação se quando começa cedo, estão plantadas as raízes…

      Responder
  5. Ioana diz

    05/11/2018 em 11:05

    Uau sem palavras, a forma como escreve é incrível, parece que estamos a ler um livro! Continue assim e aguardamos novas histórias 😀

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      06/11/2018 em 14:08

      Ah, obrigado Iona, pelas palavras simpáticas 🙂 Viajar é assim, por vezes ficamos mesmo sem palavras…

      Responder
  6. Marina Santos diz

    24/11/2018 em 16:15

    Adorei ler este artigo, que bela escrita, parabéns!

    Responder
  7. Jorge Duarte Estevão diz

    27/11/2018 em 20:07

    Obrigado Marina. Não há nada como viajar para sentir estas emoções ?

    Responder
  8. TravelB4Settle diz

    30/11/2018 em 22:11

    Uau! Adorámos a tua escrita! E essas histórias trouxeram nostalgia de tanta viagem! Namíbia é também um sítio que queremos muito visitar e agora ainda mais 🙂

    Responder
    • Jorge Duarte Estevão diz

      05/12/2018 em 12:15

      Obrigado! Recomendo mesmo muito a Namíbia. Quando lá forem não se vão arrepender, garantido! ?

      Responder

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Jorge Duarte Estevão

jorge duarte estevao imagem perfil

Gosto que me tratem por “tu”. Sou feito de horizontes largos, com raízes no sul e a cabeça sempre pronta a partir. Já viajei durante meses seguidos, quase sempre com mais curiosidade do que planos.

Estive em desertos, florestas tropicais, ilhas perdidas e cidades que nunca dormem.

Já contei 60 países, mas nunca os vejo como uma lista — são histórias. Escrevo como quem caminha: devagar, com atenção, e sempre à procura do detalhe.

Sou viajante por instinto e contador de histórias por teimosia.

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